Ciclo das águas
Embora as chuvas tenham período certo, a população continua agindo sem temer as consequências do uso inadequado do lixo e das construções nas encostas
Com um certo atraso, a cidade já começa a viver o ciclo das águas, quando a infraestrutura dos municípios é colocada à prova. Quando não são tomadas providências, os riscos são maiores, sobretudo nas encostas e às margens dos rios. Em Juiz de Fora, resultado de ações nos últimos oito anos, os problemas com as encostas foram reduzidos. Os chamados pontos críticos estão sob controle, mas nada impede que a atenção se mantenha. Afinal, a cidade está num vale cercada de montanhas.
O Rio Paraibuna, mesmo com vários pontos assoreados, é o menor dos problemas. Como não é canalizado, como o Rio Arrudas, em Belo Horizonte, tem áreas de absorção do excesso de águas. Na capital, é comum o surgimento de cabeças de água, que surpreendem a população. Em Juiz de Fora, a situação mais próxima acontece no Córrego de Santa Luzia, que sempre em períodos de chuvas intensas tende a sair do leito e afetar as avenidas Ibitiguaia e Santa Luzia.
Quando a Avenida Rio Branco teve sua rede de captação de águas totalmente mudada, no final dos anos 1970, os alagamentos sumiram, mas outras regiões continuam vivendo o mesmo drama, especialmente na Zona Norte. Os bairros Cerâmica e Industrial, entre outros, a cada tempestade, enfrentam o refluxo das águas. Como estão abaixo do nível do rio, vira e mexe os moradores assistem, sem alternativas, ao retorno das águas por banheiros e bocas de lobo.
No caso dos bueiros, a participação da população é um ponto a ser discutido. Mesmo com serviços de limpeza, o uso inadequado é o principal fator, pois joga-se de tudo nas bocas de lobo sem qualquer avaliação das consequências. O próprio Paraibuna é testemunha do descarte do lixo fora dos padrões. A massa de garrafas pet que passa pelo seu curso é confirmada quando retida na Usina de Marmelos. Trata-se de um mar de poluição que deveria ser sido colocado no lixo para posterior recolhimento.
O somatório de inações e o pouco cuidado popular criam situações que poderiam ser evitadas, sobretudo por sua sazonalidade. Entra e sai ano, e os problemas continuam sendo os mesmos. A maioria, pela falta de educação da população, que acaba sendo vítima de seu desmazelo.