SILÊNCIO DA CIDADE
Depois de uma certa trégua, a cidade voltou a registrar números hiperbólicos de homicídios. Em menos de 72 horas, a partir de sexta-feira, foram cinco ocorrências, sem contar as tentativas. Chama a atenção o silêncio da cidade, que já não se indigna com tanta atrocidade, num processo em que vítimas e autores são, na maioria das vezes, jovens e adolescentes. Nos últimos casos, não foi diferente, com motivações diversas, mas sempre pautadas pela retaliação por fatos passados.
A estratégia tem sido basicamente a mesma. A vítima é abordada por uma dupla de motocicleta, em que o carona atira e recebe a cobertura do que está guiando. A única variação é o horário. Se antes tais crimes eram comuns à noite, hoje, nem tanto, sendo registrados a qualquer hora do dia. A cidade segue a mesma toada de 2015, que repetiu 2014 com mais de cem crimes consumados em um ano. Já são 72.
Na maioria das vezes, os casos são desvendados, quando se descobre que os autores são recorrentes ou já tiveram algum tipo de envolvimento com a vítima. O tráfico e o conflito de gangues estão na matriz dessas ocorrências. As polícias Civil e Militar têm feito o seu papel, mas a ciranda prossegue por conta desse jogo de poder que se instalou no submundo do crime.
Para uma cidade que já teve números bem mais modestos, é fundamental retomar a discussão sobre o tema. Os grupos de trabalho sobre a violência, a Comissão de Segurança da Câmara Municipal e outros segmentos interessados precisam voltar à mesa para avaliar o que ora ocorre e quais medidas precisam ser tomadas para, no mínimo, refluir tal estatística, sobretudo na prevenção, pois as prisões estão sendo feitas.