Causas e efeitos
A depredação de um ônibus, na manhã de segunda-feira, no Bairro Sagrado Coração de Jesus, com consequências graves para o motorista, é fruto de uma movimentação de causa e efeito que não entra na avaliação dos seus atores. De acordo com os primeiros dados levantados pela polícia, os jovens que jogaram pedras no coletivo tomaram tal decisão por verem um desafeto dentro do veículo, isto é, um morador de um outro bairro que cruzava o seu território. Esta é a causa. O efeito é o que foi publicado na edição de ontem da TM, que poderia ter tido consequências mais graves se não fosse a atuação do motorista.
O pertencimento tem sido uma discussão permanente na sociedade pós-moderna, pois em seu nome há avanços e recuos. Do lado positivo, permite a formação de identidades; por outro, elas se distorcem a partir do modelo que adotam. Hoje, há uma cultura de violência que se espalhou pelas cidades e bairros, a qual forma indivíduos para defender seu espaço a qualquer custo. Assim, o ônibus ou o táxi, que são meios de transporte público, tornam-se alvos por serem o condutor do desafeto, ora cruzando espaço alheio.
O lado perverso é o dano causado àqueles que não estão enquadrados nesse contexto. No caso de segunda-feira, os demais usuários do ônibus tiveram que se esconder das pedras. A Tribuna foi às ruas e ouviu depoimentos emocionados de passageiros que vivem essa rotina de medo, sobretudo quando passam por determinadas regiões. E não há alternativas.
É com esse cenário que as instâncias de segurança têm que trabalhar. A repressão é um dado necessário, principalmente nas emergências, mas a prevenção continua sendo o antídoto para tais impasses, que tendem a se agravar se nada for feito.