CUSTO SOCIAL
A morte de um homem em situação de rua, na madrugada de quarta para quinta-feira, é emblemática, pois aponta para uma antiga discussão: o albergue não atende à demanda e suas condições, a despeito de todas as intervenções, são precárias. Recentemente, a Tribuna constatou uma série de problemas, a começar por uma infestação de muquiranas (piolhos humanos), já debelada, segundo os gestores, mas ainda vista, de acordo com os usuários. Há outras questões que só serão resolvidas com mais investimentos.
A situação se torna crítica nesse período do ano por conta das baixas temperaturas. Como nem todos aceitam ir para o albergue, mesmo quando eram boas as condições, é preciso acompanhá-los na sua rotina voluntária pelas ruas da cidade. Muitos têm família, como é o caso da recente vítima, mas os muitos fatores, inclusive depressão, influenciam em suas atitudes. Lidar com esse segmento requer não apenas espírito humanitário, mas também conhecimento.
O Brasil tem sido referência mundial nessa lida, tanto que, com a crise da imigração na Europa, que voltou a se intensificar, vários técnicos brasileiros foram convidados a fazer palestras e seminários, para ensinar, especialmente aos europeus, como lidar com populações de rua. A despeito disso, porém, continuamos com nossos problemas internos, como os que afetam Juiz de Fora.
Trata-se de um desafio permanente, que não se resolve apenas com ações pontuais. O primeiro passo é envolvimento coletivo. A sociedade tem que fazer a sua parte apontando os problemas e denunciando casos de abandonos, muito comuns dentro da própria estrutura familiar. Sem amparo, essas vítimas vão para as ruas e nem sempre para os abrigos, ficando sujeitas às ações do tempo e, também, à insanidade de pessoas que as consideram um estorvo, não se incomodando em agredi-las ou até mesmo em tirar-lhes a vida.