Avanço na relação


Por Wendell Guiducci

28/04/2017 às 06h00

A aprovação do projeto que trata da reforma trabalhista abre uma nova etapa nesse debate, uma vez que, a despeito de todas as resistências, não é de hoje que essa mudança se faz necessária. A atual norma foi elaborada pelo Governo Vargas, em pleno Estado Novo, com inspiração na “Carta del lavoro”, da gestão Benito Mussolini, na Itália, na qual surgiu a expressão corporativista. A despeito disso, foi um avanço, pois garantiu direitos dos trabalhadores, até então reféns dos coronéis que tinham uma relação própria de trabalho. Mas os tempos mudaram, e o próprio mercado já não é mais o mesmo. O projeto aprovado pela Câmara ainda não é o ideal, mas se aproximou da realidade.

Uma das decisões foi o viés compulsório do imposto sindical, pelo qual o trabalhador dedica um dia de trabalho a esse imposto para garantir a estrutura das corporações. Hoje, o Brasil é um dos recordistas de sindicatos, uma vez que, diante de tanto dinheiro, surgiram entidades de faz de conta, que não representam ninguém, senão a si mesmas, próprias para garantir imunidade, mas sem agir em nome de suas respectivas categorias. Vários dirigentes passam anos a fio nelas envolvidas sem atuar no mercado de trabalho graças aos recursos que, a alguns, garantem boa remuneração.

As reformas ora enfrentadas sob resistência são necessárias para garantir o avanço do país, que por muitos anos ficou preso a uma legislação caduca pela qual todos perdiam. O mercado, diante de um protecionismo exacerbado, e os próprios trabalhadores, diante de sindicatos que por eles não falavam, salvo em algumas ocasiões, sobretudo em tempos de eleições de suas diretorias. As brigas internas nessas entidades são reveladoras de um bom negócio, pois, em algumas regiões, chegam a ter resultados letais ante o confronto de grupos internos de interesse.

O texto, agora no Senado, deve seguir o mesmo caminho, pois os senadores, em sua maioria, já viveram experiência suficiente para ver o outro lado da moeda. A reforma é fundamental não para tirar direitos, pois seria um contrassenso, mas para modernizar relações hoje comprometidas por conta do atraso.

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