De olho nas estradas
Mesmo sob críticas, radares móveis voltam a ser utilizados, especialmente num momento de grande movimento nas estradas, resultado do ciclo das festas de fim de ano e do início das férias
Desde a última segunda-feira, antevéspera do Natal, está de volta o uso de radar móvel pela Polícia Rodoviária Federal. A medida é resultado de decisão judicial que suspendeu ordem do presidente Jair Bolsonaro. O presidente considera a prática uma indústria de multas e tirou de cena esse modelo de fiscalização. Com a sentença, quem for viajar neste período de festas e início de férias deve saber que os agentes estão de olho novamente.
Não é de hoje o discurso em torno da indústria da multa. Os críticos da fiscalização consideram que não pode haver uso de ferramentas nos moldes de emboscada, isto é, sem que o usuário saiba que está sendo analisado por equipamentos que medem a velocidade. Os radares fixos são precedidos por placas avisando a existência de fiscalização eletrônica.
Por outro lado, os adeptos da medida a consideram fundamental para evitar o cinismo das rodovias: o motorista passa pelos radares fixos como um anjo, mas, tão logo vence essa etapa, acelera de novo, sem avaliar as consequências quando ultrapassa os limites. Os equipamentos móveis já flagraram veículos acima dos 200 quilômetros, quando o máximo no Brasil é de 110 quilômetros.
Há margem para a discussão, mas é fundamental levar em conta os riscos que o excesso de velocidade provoca. Basta ver os números. O Brasil é um dos campeões de acidentes de trânsito, não apenas pelo excesso de velocidade, mas também por outros tipos de imprudência. Também pesa a leniência do próprio Governo – federal ou estadual – quando não zela pela qualidade das vias. Em boa parte, faltam áreas de escape, e a sinalização é precária. Sem contar os buracos. Recentemente, a Tribuna registrou mais de cem no percurso Juiz de Fora/Bicas.
As campanhas pedagógicas continuam sendo a melhor alternativa para combater a violência no trânsito, mas está claro que, a despeito de várias advertências, ainda há os que se consideram acima da lei sem medir os riscos da imprudência. Os radares são adequados, sobretudo em áreas críticas com maior incidência de acidentes.
Em Juiz de Fora, embora a motivação seja bem menos grave do que nas rodovias, os radares também têm sido utilizados como medida de segurança, especialmente dos pedestres. O único senão é a burocracia. Desde setembro, se discute a renovação da concessão, e, enquanto não se encontra solução, pelo menos metade dos equipamentos está em desuso, deixando vários pontos vulneráveis.