Com Carlo Ancelotti volta a esperança

Multicampeão, Carlo Ancelotti joga luzes na Seleção Brasileira e no futebol nacional, que, mesmo com todas as mudanças, precisa de atualização


Por Paulo Cesar Magella

27/05/2025 às 07h32

Se o futebol se prendesse apenas a superstições, a vinda do italiano Carlo Ancelotti ocorre no momento certo. Em 1994, quando conquistou o tetracampeonato, nos Estados Unidos, a Seleção Brasileira vinha de um jejum de 24 anos. No ano que vem, de novo nos Estados Unidos, a equipe brasileira completará, também, 24 anos da última conquista, em 2002.
Só que futebol é mais do que isso. A apresentação do ex-técnico do Real Madrid foi um momento especial, com toda pompa e circunstância, por conta do “tamanho” do novo comandante: multicampeão da Champion League, vários títulos mundiais e um formador de grandes talentos. Espera-se um grande trabalho.
Na sua primeira convocação, recuperou alguns nomes, como o meio-campista Casemiro, e mostrou sua personalidade ao dizer que Neymar, a despeito de todo o seu talento, não está fisicamente pronto para dois jogos já no curto prazo contra o Equador e o Paraguai. Tem razão, o craque brasileiro tem feito participações pontuais pelo Santos, mas ainda não está no melhor de sua forma. Os dois próximos jogos vão ocorrer já no início do mês que vem.
A indicação do técnico do Real Madrid foi resultado de conversas há mais de dois anos. Todos os cinco títulos foram com técnicos nacionais, mas, em um cenário globalizado, não há espaço para preconceito com um estrangeiro, sobretudo quando esse personagem é um vencedor. Além de tudo, alguém que sabe moldar talentos, como foi o caso de Vinícius Júnior, que de promessa se transformou no melhor do mundo. Ele descobriu a sua melhor versão.
Paixão nacional, acima de vieses políticos e ideológicos, a Seleção Brasileira é um patrimônio mundial. Com cinco títulos, ainda é a equipe com maior número de conquistas, mas que não pode ficar vivendo do passado. As últimas experiências em Copa do Mundo foram reveladoras da ausência de trabalhos consistentes, com a capacidade de entender o futebol moderno, mesmo com tantos de seus jogadores atuando em alto nível, especialmente na Europa. A vinda de Ancelotti pode ser um frescor não apenas para a Seleção Nacional, mas também para os clubes.
Os novos dirigentes da CBF, eleitos em meio a um turbilhão que levou à demissão do ex-presidente, devem manter o que prometeram: não interferir na equipe. É o melhor que podem fazer, sobretudo para garantir que o novo técnico – como lhe foi prometido – tenha plena autonomia para agir, o que, certamente, faltou aos antecessores, pressionados por resultado e por dirigentes e agentes sempre em busca de melhor papel para seus indicados.

 

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