Cartão-postal
Parque Halfeld precisa de ações permanentes por ser referência na cidade como um dos principais pontos de atração de visitantes
A ocupação dos espaços públicos é um desafio permanente para os gestores em decorrência da diversidade que apresentam. O Parque Halfeld, que volta às páginas da Tribuna nesta edição, é um deles. Como a própria reportagem atesta, é ocupado por várias tribos, inclusive os moradores em situação de rua, alvo de constantes reclamações. Mas a praça não é do povo, assim como o céu é do condor? O velho ditado esbarra na prática principalmente quando esses moradores, em plena vulnerabilidade social, se envolvem com drogas.
O desafio se apresenta na separação entre usuários de drogas – não necessariamente moradores de rua – e traficantes. Oito meses depois de sua última reportagem sobre o parque, a TM encontrou um espaço democrático, limpo e mais seguro, mas ainda há problemas. Os traficantes continuam agindo, embora mais discretos, nas sombras e distantes da vigilância. A ocupação é um antídoto contra as drogas, mas é fundamental ampliar ainda mais a vigilância, sobretudo nos horários críticos. Tirando o tráfico, o local ganha nova conformação, pois as demais mazelas têm sido sanadas.
O uso e a ocupação das praças ganham uma nova discussão após a Câmara aprovar projeto dando margem para concessões para o setor privado, que atuaria na preservação de tais espaços, uma vez que o Município, em tempos de tamanha crise, não tem meios suficientes para cobrir os vários espaços espalhados pela cidade. A adoção, agora sancionada pelo Executivo, é uma alternativa, desde que não funcionem com viés privado, afastando os que menos podem como se fossem um problema. Quem pratica atos ilícitos, sim, mas os demais devem ter o direito de uso permanente destes locais.
Como a lei ainda é nova, não se sabe se algum grupo tem planos de apadrinhar o Parque Halfeld, mas seria importante que ele também se beneficiasse dessa concessão, a fim de ganhar novos investimentos. Um dos cartões-postais da cidade, ele precisa de atenção permanente, por ser uma referência, inclusive, para quem visita Juiz de Fora.
Seu entorno é um dos mais ricos patrimônios da cidade, a começar pelos prédios da Câmara Municipal e do antigo Paço, tendo ao fundo a Igreja de São Sebastião, daí a necessidade de manter a sua vocação de referência.