QUESTÕES PONTUAIS
A aprovação da nova meta fiscal pelo Congresso Nacional, vista como a primeira vitória do Governo Temer, não tem espaço, sequer para comemoração, por tratar-se apenas de uma questão pontual no expressivo elenco de medidas que precisam ser tomadas para recolocar a economia nos trilhos. Há pela frente outros desafios, como a reforma da Previdência e, mais adiante, a necessária reforma política. Sobre a Previdência, aliás, abre-se um capítulo à parte, pois, até no primeiro mundo, está se chegando à constatação de que mais gasta do que arrecada numa lógica matemática que vai levá-la para o buraco. Mas até lá há resistência. As ruas de Paris e de Bruxelas viraram verdadeiros campo de batalha de resistentes às mudanças.
Tais episódios são emblemáticos, apontando para a elaboração de um profundo diálogo com a sociedade se o Governo quiser mexer nesse vespeiro. A despeito da necessidade, quando se trata de direitos trabalhistas, a discussão não pode ser rasa e nem monitorada apenas por um dos lados. A Previdência foi uma conquista cara para a sociedade e qualquer mudança, pois, precisa de profundas avaliações, não sendo apenas uma necessidade técnica. Há o viés social em conta.
Por isso o presidente não terá meios de cumprir a agenda, mesmo num eventual mandato pelos próximos dois anos, pois a mudança exige longo prazo, sobretudo pela sua dimensão. O país, como outros pelo mundo afora, vive um novo ciclo, no qual conceitos estão sendo colocados em xeque e suas antíteses não se sustentam na primeira avaliação. Será necessário unir persistência com disposição de dialogar. Por outro caminho, não dá.