OS NOVOS ATORES


Por Tribuna

25/08/2016 às 07h00- Atualizada 25/08/2016 às 07h57

A Tribuna disponibilizou na edição de ontem a lista dos candidatos a uma vaga na Câmara Municipal e, num trabalho árduo dos repórteres Renato Salles e Eduardo Maia, antecipou o perfil destes postulantes. Não há surpresas, mas constata-se que, a despeito de tantas campanhas, algumas questões são recorrentes, como a ausência de mulheres: a cota foi cumprida, mas o resultado final tem sido o mesmo. Nas eleições deste ano, há expectativa de mudanças, mas esse discurso valeu nos últimos pleitos e pouco mudou. O número de mulheres eleitas continua desproporcional ao número de eleitores do sexo feminino tanto para as câmaras municipais como para as demais instâncias, como assembleias legislativas e Congresso Nacional.

Mas a estratificação não se deteve apenas a este detalhe. Apontou também o viés masculino e o domínio de candidatos brancos. De novo o paradoxo: as mulheres são maioria na população, e a mistura de raças, uma realidade. Na hora de definição de candidatos, porém, tais proporcionalidades caem por terra, o que pode afetar até mesmo na elaboração de políticas públicas para este ou aquele segmento. Não há surpresa também na presença dos laços familiares nas campanhas. A hereditariedade no voto é uma constante no país desde o início da República, fruto, talvez, da própria monarquia, quando as famílias se sucediam nas instâncias de poder. Em casa de político, o primeiro sempre chama o segundo, e por aí adiante. São raros os casos em que não haja um sucessor.

O fundamental para o eleitor, porém, é o comprometimento que estes atores têm com suas causas. As cidades vivem o desafio dos novos tempos, e esses personagens também precisam estar aptos para este debate, em vez de se aterem ao velho discurso de fazer, em vez de discutir e fiscalizar. Num cenário de coalizões, os governos têm sido emparedados pelo Legislativo de forma pouca republicana, pautado, sobretudo, no toma lá dá cá que marcou a política nos últimos anos e só agora foi desvendado pelas ações do Ministério Público e da Polícia Federal.

Os vereadores que emergirem das urnas de outubro precisam estar comprometidos com o futuro, que não se escuda, necessariamente, apenas em questões menores, como buraco em rua ou asfaltamento. As cidades carecem de discussão profunda, e o fórum adequado são as câmaras municipais.

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