Quadro confuso

As convenções já estão em curso, mas a maioria dos partidos ainda tenta alianças; a prova está na ausência de candidatos a vice entre os postulantes à Presidência da República e ao comando dos estados


Por Tribuna

25/07/2018 às 07h24

A pouco mais de dois meses para as eleições, o quadro continua confuso tanto na disputa para a Presidência quanto nos estados. Os partidos até têm seus candidatos, mas o principal sintoma de que nem tudo está fechado está na apresentação dos vices. Ninguém definiu quem será o seu parceiro de mandato, deixando claro que ainda há pontos a serem acertados. O empresário Josué de Alencar foi sondado para ser vice do tucano Geraldo Alckmin no mesmo momento em que foi chamado pelo governador petista Fernando Pimentel para ser o seu vice em Minas. Praticamente descartou o PSDB, mas ainda não deu o sim ao governador sob o argumento de ouvir a família. Se depender dessa, vai continuar comandando seu negócios em São Paulo.

Mas a indicação do vice não é problema único do PSDB nacional. Ciro Gomes ainda procura um aliado, e Jair Bolsonaro também está na expectativa da indicação. A advogada Janaína Paschoal pediu um tempo para pensar e, provavelmente, deve dizer não; a bola da vez seria o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio, presidente do PSL de Minas, que já admite topar se o convite for oficial.

A dificuldade na formação de chapas ocorre por conta do balcão que se estabeleceu no período pré-campanha. Num processo com cerca de 30 legendas, os que ficam fora do topo negociam alianças de acordo com suas conveniências, ora indicando o vice, ora apresentando o candidato ao Senado e também estabelecendo regras para coligações proporcionais. Foi por conta dessa discussão que a temperatura subiu no diretório estadual do PSB. O candidato Marcio Lacerda quer a parceria do MDB, mas há resistência na bancada federal, a começar pelo deputado juiz-forano Júlio Delgado. Como o tempo está passando, possíveis acordos são iminentes, mas ainda haverá muita conversa até o acerto final.

É possível dizer que esse cenário é próprio do jogo pré-eleitoral, mas a demora é incomum. Há quatro anos, com uma campanha mais longa, os atores já estavam em campo. Agora, com menos tempo e sem financiamento empresarial, os partidos estão fazendo um verdadeiro pente-fino até baterem o martelo.

Provavelmente, não perdem, mas o eleitor, sim. Com pouco tempo de campanha, os políticos vão usar o feijão com arroz para vender suas candidaturas, sem se aprofundarem em questões fundamentais para o país.

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