Impasse na Cidade Alta
Settra e Dnit precisam superar suas divergências e encontrar uma alternativa consensual para o binário da BR-440
Marcada por contradições desde a sua retomada, décadas depois do projeto inicial da gestão Mello Reis, a BR-440 continua sob o signo do impasse. Primeiro foram os custos, denunciados pelo deputado Júlio Delgado, que estariam bem acima do que tinha sido até então executado. Depois vieram as pendências ambientais. A estrada não tinha nem começo nem fim, tornando-se um espaço de lazer, especialmente para os adeptos de corridas e longas caminhadas. Ligava o nada a lugar algum até que foi superada a ligação com a BR-040, ao lado da Represa de São Pedro.
Vencida esta etapa, começou a discussão sobre a sua utilização. A via seria uma alternativa importante para o conturbado trânsito da Cidade Alta e facilitaria a saída pelo lado Norte da Universidade Federal de Juiz de Fora. A Secretaria Municipal de Transporte apresentou até um projeto com um binário que teria a rodovia como ponto estratégico.
Na edição de domingo, a Tribuna mostrou que nem tudo está resolvido. Mais um impasse foi criado, desta vez em torno da saída do Bairro Casablanca. A Settra e o Dnit não se entendem, cada um apontando alternativas para o trânsito sem que estas propostas conversem entre si. Os técnicos têm leituras distintas sobre o que será melhor para a região e, por meio de nota, apontam suas diferenças.
Quando criavam o Partido Popular – que teve vida curta -, Tancredo Neves e Magalhães Pinto, duas figuras proeminentes da política nacional, não chegavam a um acordo sobre qual seria a melhor proposta para a legenda, uma dissidência do PMDB. Entrevistado, Magalhães Pinto destacou, porém, que não havia desentendimento, mas faltava entendimento. Talvez seja o caso do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte e da Secretaria Municipal de Transportes. Precisam se entender.
Se nada for feito, quem perderá serão os usuários, que esperam uma saída para o velho problema e alternativas para uso na região. Caso contrário, será um projeto que teve um alto custo sem corresponder às expectativas. Como o jornal apontou, alguns especialistas não concordam nem com a Settra nem com o Dnit, criando mais uma fonte de discussão.
Já que falta entendimento, a melhor alternativa é todos se reunirem na mesma sala e colocarem suas diferenças em discussão, a fim de se encontrar uma saída consensual. Para tanto, porém, é necessária a ação política. O prefeito Antônio Almas, gestor da cidade, deve convidar o diretor do departamento e acertar tal reunião, pois o que menos importa, agora, é o cabo de guerra que a burocracia criou.
Na ligação da BR-040, com a MG-353, o trevo na altura da Barreira do Triunfo passou por situação semelhante. O Dnit se recusava a fazer a obra, por considerá-la estadual, e o Estado fazia ouvidos de mercador. O projeto instalado foi uma improvisação que valia apenas para a inauguração que está se tornando definitiva. Que não seja assim na Cidade Alta.