Lógica econômica
Quando se gasta mais do que se arrecada, o resultado é único: caos financeiro. Os estados chegaram ao ponto em que estão por consequência de administrações perdulárias, que apostaram num cenário econômico de crescimento que só se apresentava em projeções, mas nunca reverberado no papel. De fato, o país viveu um ciclo virtuoso, mas bem abaixo da realidade. A fantasia vendida às ruas agora se apresenta como pesadelo, como é possível ver em estados que, por força de sua arrecadação, tinham tudo para estar numa situação diferente. O Rio, o mais crítico de todos, apostou nos royalties do petróleo e indexou seu rendimento à folha de pagamento. O preço das commodities despencou no mercado internacional, mas as despesas, não.
Essa foi apenas uma das facetas desse processo administrativo que culminou na reunião de terça-feira, quando os governadores foram ao Palácio do Planalto pedir socorro. A guerra fiscal, inaugurada no período Garotinho (Anthony e Rosinha), foi outro tiro no pé, servindo apenas para desidratar a economia mineira, especialmente da Zona da Mata, que teve parte dos investimentos migrada para o estado vizinho. Como dinheiro não aceita desaforos, a conta chegou: o Rio tem um expressivo número de empresas que não pagam impostos em decorrência das isenções.
Mas não é só o estado vizinho que tem problemas. Minas tem parte de seus gastos contingenciada, e os salários, parcelados, por conta das dificuldades que também enfrenta, embora esteja entre os estados com maior arrecadação do país. Em todos, há um ponto comum: a necessidade de reformas, a começar pela Previdência, que drena a maior parte dos recursos e que, se não passar por mudanças, corre o risco de quebrar, deixando uma próxima geração sem benefícios.
Tais desafios precisam ser enfrentados de frente, mas com transparência, a fim de dizer à sociedade que, a despeito da dureza das medidas, não há outro caminho, ainda mais depois de tantos atalhos tomados apenas para agradar a plateia, sem que se medissem as consequências.