NOVA RELAÇÃO
Os próximos dias serão emblemáticos para o jogo político, pois, à medida que avançam as convenções, será possível conhecer os atores que farão parte dos palanques, embora, oficiosamente, eles já tenham se apresentado ao público com ações diretas e pelas redes sociais em situações quase estranhas: não podiam pedir o voto. Esse é um lado da moeda, mas o principal ainda está por vir.
Trata-se do comportamento do eleitor, algo que nem a ciência política pode antecipar a despeito das pistas que estão evidentes nas manifestações. A classe política está extremamente desgastada e não percebeu, ainda, que precisa mudar a sua relação com as ruas. A insistência em manter velhas práticas, com a expectativa de que o eleitor esquece as mazelas, é um equívoco. Os tempos de desinformação passaram.
O pior desse enredo é a repetição do modelo já condenado pela opinião pública. Os partidos se prendem a acordos eleitorais, dispensam o viés programático e agem pensando apenas em seus interesses, sobretudo em regiões nas quais há segundo turno. As alianças de hoje estão de olho no amanhã, quando o balcão de negócios funciona à plena carga.
Há previsões de mudanças substanciais, como a cláusula de desempenho e o fim das coligações proporcionais, mas só vendo para crer, pois tais ensaios, vira e mexe, voltam ao debate, especialmente em períodos de campanha, quando é preciso dar alguma satisfação ao eleitor. Depois, tudo volta ao silêncio, como se nada tivesse acontecido.