NOVAS LEIS
O fim do financiamento empresarial de campanha já foi um avanço, mas o Congresso precisa aprovar a legislação que combate a corrupção, a fim de criar, no país, um novo modelo de gestão dos recursos públicos. A operação Lava Jato, em mais uma de suas etapas, prendeu ontem o ex-ministro Paulo Bernardo, marido da senadora Gleisi Hoffmann. Ambos são do PT, cuja sede em São Paulo também passou por revista dos agentes. No espaço político, o partido diz que se trata de um factoide. A senadora enfatizou ser apenas uma cortina de fumaça para tirar a pressão sobre o Governo Temer. No espaço econômico, porém, a discussão está mais à frente: é preciso chegar ao momento em que a economia precisa caminhar pelas próprias pernas, sem depender dos escândalos diários descobertos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.
Conciliar esse momento, porém, é um desafio. A operação não tem data para acabar, mantendo a tensão nos gabinetes e a incerteza nas ruas. Uma nova legislação pode ser uma saída, pois, com base nas regras de financiamento até bem pouco vigentes, poucos serão aqueles que ficarão infensos à investigação. O trânsito de interesses era uma norma comum, agora demonizada pela operação, pois nem todos agiram sob o viés republicano.
Mas resta conhecer o tamanho da disposição de deputados e senadores em estabelecer uma nova ordem no país. Além do interesse diário de saber se estão ou não no índex do juiz Sérgio Moro, se preocupam, basicamente, em manter as antigas práticas. Agora mesmo, na corrida pela sucessão de Eduardo Cunha, mais de uma dúzia de deputados estão na fila para disputar a presidência da Câmara Federal. Os partidos e os políticos, mesmo diante de tantos recados das ruas, continuam investindo em projeto de poder, em vez de um projeto para o Brasil, capaz de colocar o país nos trilhos e moralizar as relações, ora promíscuas, entre o público e o privado.