SALVE-SE QUEM PUDER
O deputado Eduardo Cunha, afastado da presidência da Câmara e do mandato, por decisão do Supremo Tribunal Federal, usou a estrutura do Legislativo – a TV Câmara transmitiu sua entrevista coletiva ao vivo – para jogar farofa no ventilador, com novas acusações. Seguidor ardoroso da tese de que o ataque é a melhor defesa, ele mirou no ex-ministro Jacques Wagner, dizendo que ele teria barganhado acordo para barrar o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff em troca de refresco no Conselho de Ética. O ex-ministro negou. A estratégia de Cunha é mais um episódio em que os políticos, no salve-se quem puder, tentam envolver outros personagens.
No mesmo dia, o deputado Hildo Rocha, vice-presidente da comissão que apura denúncias de pagamento de propina em troca de extinção de multas da receita, disse que um deputado tentou achacar um empresário. Deu o milagre, mas não revelou o santo, pois a vítima estaria com medo de retaliação. A denúncia só se sustenta se forem divulgados nomes. Por enquanto, é mais uma entre tantas que permeiam os fatos políticos de Brasília.
Ocorre, porém, que a corrupção não é um fato localizado. Pelos estados afora, governadores e ex-governadores estão sendo denunciados por uso indevido do dinheiro público, num cenário típico de CPI: todos sabem como começa, mas ninguém ousa apontar os resultados. No meio disso, há as Olimpíadas – recheadas de denúncias – e eleições municipais, nas quais, a despeito de seu viés paroquial, a cena nacional terá destaque.