Desafios de Zema

Governador quer melhorar a eficiência do Estado, mas esbarra na instância política, principalmente quando fala em privatizar ativos do Estado, como a Cemig e a Copasa


Por Tribuna

22/10/2019 às 06h53

Como está cada vez mais distante a possibilidade de o Congresso, por meio de uma nova PEC, inserir estados e municípios no pacote da Previdência Social, alguns estados, entre eles Minas Gerais, articulam medidas para reduzir o peso da folha de pagamento e de seus regimes de aposentadorias no caixa do Estado. O governador Romeu Zema já vem tomando medidas para melhorar a saúde financeira de Minas, mas encontra resistências na Assembleia, sobretudo quando fala em desonerar o Estado de gestor de empresas consideradas estratégicas pelos deputados.

O primeiro teste será a Codemig, uma das joias da coroa, que durante anos serviu de válvula de escape das administrações, assumindo projetos que não cabiam em secretarias. Para ingressar no Plano de Recuperação Fiscal proposto pelo Governo federal, os entes federados precisam fazer a sua parte. Após a Codemig, Zema tem pela frente a privatização da Cemig e da Copasa, duas empresas às quais a Assembleia, certamente, imporá sérias resistências, por serem gestoras do abastecimento de energia e água respectivamente.

A primeira tentativa de tirar o peso do Estado sobre a Cemig ocorreu na gestão de Eduardo Azeredo. Ele acolheu sócios americanos e enfrentou a fúria dos mineiros. Não foi só a greve dos policiais que interferiu no resultado das urnas. A Cemig também. Tão logo tomou posse, o sucessor, Itamar Franco, desfez o acordo com os americanos e revitalizou a companhia de tal forma que ela adquiriu o controle acionário da Light, do Rio de Janeiro.
Mas a Cemig, no decorrer dos anos, ingressou num processo no qual a gestão teve forte influência política. Sem se capitalizar para manter o padrão de qualidade, enfrentou sérias dificuldades. Mesmo assim, passá-la para o setor privado será um desafio para o governador.

O ponto de inflexão é convencer a Assembleia a tomar decisão de tal monta às vésperas de eleições. Embora o pleito de outubro de 2020 envolva apenas prefeitos e vereadores, os deputados participam diretamente das articulações, alguns deles até como candidatos. Levar tal pauta para as ruas, no entendimento deles, é um tiro no pé. Mas pode ser um equívoco, pois depende de como a matéria será tratada.

O Estado, como é possível verificar em outras agendas, perdeu a eficiência e tem se mostrado incapaz de resolver demandas de interesse coletivo. Faltam recursos para a saúde, para a educação e para outras rubricas fundamentais para a população. Em Juiz de Fora, há um hospital inacabado, que, dependendo só do Governo, não sairá dos tapumes, pois faltam recursos.

Repensar tais projetos tornou-se uma demanda fundamental para os políticos, uma vez que há coisas para resolver que dependem diretamente da capacidade de investimentos do Estado, hoje engessada pelo peso da folha de pagamento e da sua Previdência, além de empresas ineficientes.

 

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.