Última chance


Por Gabriela Gervason

22/05/2015 às 08h31- Atualizada 22/05/2015 às 08h32

A Câmara dos Deputados, salvo os contratempos tão comuns em Brasília, coloca em pauta na semana que vem o projeto da reforma política. Primeiro, a discussão será na comissão especial, em que há riscos de o documento emperrar caso o relator saia dos trilhos. Sob pressão do PMDB, seu partido, o deputado Marcelo Castro tem dito que vai manter seus propósitos, mas irá adotar o distritão mesmo dizendo que vai votar contra o que escreveu. A partir de terça, a discussão vai para o plenário, onde tudo é possível, inclusive nada, dependendo dos ânimos dos parlamentares e do jogo de interesses que envolve o tema. As legendas de menor porte farão de tudo para barrar duas questões: o fim das coligações e a cláusula de desempenho. Como ficam próximas da extinção, há possibilidade de reação.

Mas a pedra de toque será definida entre o modelo eleitoral e o financiamento de campanha. No primeiro, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, fazendo coro ao vice-presidente da República, Michel Temer, irá defender o distritão, pelo qual serão eleitos os mais votados. PT e PSDB, que consideram que estarem juntos é uma questão partidária e não de governo, preferem o distrital. Os dois lados terão que trabalhar duro para obter 308 votos. E é aí que pode haver a rotineira barganha dos partidos pequenos. Ficarão do lado de quem tirar de cena especialmente a cláusula de desempenho.

O financiamento público de campanha é o tipo de projeto em que deputados e senadores têm um discurso para a plateia e outro para o plenário. Publicamente, dizem que é preciso acabar com a orgia do dinheiro das empresas, que só apoiam em troco de alguma coisa, mas internamente acham que sem esses recursos terão problemas, ainda mais se a disputa for pelo modelo do mais votado. O único ponto em comum é um agrado à opinião pública, ao tratar de limites para o financiamento.
Será uma derradeira tentativa de se aprovar uma questão que a sociedade há muito pleiteia, mas que sempre esbarrou no interesse das legendas. Cada partido tem a reforma ideal, sendo o consenso uma peça de ficção no Congresso.

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