QUEM TEME CUNHA?


Por Tribuna

21/10/2016 às 07h00

A prisão do ex-deputado Eduardo Cunha, decretada pelo juiz Sérgio Moro, deu margem a todo tipo de reação, como já era hora, pois devia ter sido encarcerado há mais tempo. Com direito a memes nas redes sociais, a medida ampliou também as especulações sobre o que pode vir adiante. O deputado, conhecido por sua memória de elefante e de não esquecer os que o ajudaram e os que o tiraram do centro do poder, é um arquivo vivo dos mais recentes atos da República, para o bem e para o mal, com destaque para o segundo. O próprio juiz, no ato de prisão, o tratou como um criminoso em série por conta das tantas mazelas em que o ex-presidente da Câmara esteve envolvido.

Ainda no jogo da conspiração, muitos chegaram a dizer que Moro está apenas abrindo caminho para a prisão do ex-presidente Lula. Outros transferiram a questão para o presidente Michel Temer, já que Cunha era um dos próceres do PMDB, com direito a entrada sem convite na sala do então vice-presidente da República. Uma delação premiada colocaria o próprio Governo em risco, mas é no Congresso onde a apreensão é maior. O ex-deputado conhece de perto a vida de pelo menos cem deputados e alguns senadores, sobretudo nas suas ações pouco republicanas. Se abrir o bico, os resultados serão trágicos para a instituição.

E é aí que surge outra questão. Se Cunha colocar no balaio um quinto da Câmara Federal, que tipo de providência será tomada? A instância política não tem ingênuos e, certamente, irá reagir. O que se sabe, agora, é que o país está diante de uma encruzilhada, não havendo, porém, espaço para recuos. A opinião pública está disposta a bancar o desmantelamento das muitas quadrilhas enclausuradas nas instâncias de poder, mas tal projeto irá precisar de provas robustas, sob o risco de não levar a lugar algum, senão à frustração coletiva.

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