Cidades verticais
A tendência nas metrópoles é um dado real e relevante que deve, no entanto, ser acompanhada de legislação atualizada
A verticalização das cidades, que em Juiz de Fora cresceu 56%, não surpreende, mas carece de atenção por conta de suas consequências. Há altos e baixos, como a Tribuna atestou na matéria do estagiário Bernardo Marchiori, sob supervisão da editora Fabíola Costa. Ele levantou os números e ouviu especialistas e o Governo Municipal para fazer tal verificação.
De fato, há uma tendência nas metrópoles de médio e grande porte por conta da possibilidade de se concentrar serviços em espaços menores – implicando em menos custos de transportes, por exemplo. Em áreas urbanas onde o lugar é restrito, a verticalização permite que mais pessoas e atividades sejam acomodadas em um ambiente relativamente pequeno, contribuindo para a eficiência no uso do solo urbano.
A verticalização, ainda vista sob a ótica positiva, pode contribuir para a redução do uso de veículos motorizados, por concentrar uma grande quantidade de pessoas em um espaço menor, induzindo os usuários a adoção de modais de transportes mais sustentáveis. O que se percebe nos grandes centros são edifícios equipados com lojas, restaurantes, escritórios e residências que podem aumentar a conveniência para os moradores e trabalhadores.
No entanto, ao abordar as consequências, o papel dos planos diretores é estratégico, pois a construção de prédios imponentes, especialmente, implica sobrecarga da infraestrutura existente, como água, esgoto e redes de energia.
O depoimento do secretário de Planejamento Urbano, Raphael Ribeiro, é emblemático, quando aponta a necessidade de diálogo permanente e atualização das normas, uma vez que um planejamento adequado é essencial para garantir que a verticalização ocorra de forma sustentável e equitativa, levando em conta todas as demandas por ela geradas.
Com os devidos cuidados com a gentrificação – processo pelo qual áreas urbanas antes degradadas ou de baixo custo são revitalizadas, resultando em aumento dos preços e até mesmo retirada de comunidades de baixa renda -, é possível conciliar os projetos, uma vez que a verticalização pode expandir o mercado imobiliário, oferecer oportunidades de moradias e negócios em áreas previamente negligenciadas.
Ademais, a relação entre verticalização e gentrificação não é linear e direta. Em alguns casos, a verticalização pode ser acompanhada por políticas de desenvolvimento urbano que visam mitigar os efeitos da gentrificação, como a implementação de programas habitacionais acessíveis e investimentos em infraestrutura social.
Como destacou a professora Luciane Tasca, da UFJF, apesar de ser uma cidade média, Juiz de Fora está entrando no padrão construtivo de metrópoles. Trata-se de um dado real. E isso implica em legislação atualizada e diálogo permanente para garantir que os processos de construção atendam aos interesses da população, da construção civil e, sobretudo, da própria cidade.