Parceria necessária
Construção da rotatória no Cascatinha com Estrela Sul pela iniciativa privada é importante para tirar do papel um projeto que já deveria ter sido executado há um bom tempo
A remodelação da rotatória do Estrela Sul pela iniciativa privada é um dado importante nas relações de poder. O Governo, hoje com sérias dificuldades de caixa, abre mão de sua prerrogativa e admite a parceria. O que para alguns soa como um problema, pois o Estado é o zelador dos próprios públicos, para outros é uma versão moderna de ações em que a união com o setor privado rende benefícios para todos.
A rotatória, construída quando o shopping entrou em funcionamento e o bairro passou a ser ocupado, é uma importante via de acesso, mas o adensamento da região – fato verificado também em outros pontos do município – criou gargalos na mobilidade. O horário de pico tornou-se um transtorno com o agravante de não haver espaço para os pedestres. O novo projeto lhes dá prioridade, o que é um avanço, como ocorre especialmente no chamado primeiro mundo, no qual o carro fica em segundo plano.
A implantação desse modelo no Brasil é uma demanda de longo prazo, exigindo de outros modais, como ônibus e trens, o incremento de suas ações. Desde os anos 1960, o trem saiu de cena, ficando apenas para o escoamento da produção, enquanto o atendimento aos passageiros ficou para trás, dando margem ao metrô. Só que o uso desse modal é comum apenas em grandes metrópoles, diante dos custos. Cidades do porte de Juiz de Fora dificilmente teriam condições de implantá-lo.
Como tem sido reiteradamente dito neste espaço, a mobilidade é um desafio permanente, perante o crescimento das cidades. O caso da rotatória é emblemático: quando construída, atendeu perfeitamente a sua finalidade. Hoje, não. O novo projeto é um avanço, pois a própria iniciativa privada percebeu que só com sua participação seria possível reverter a situação. O município, enfrentando a desidratação e o atraso nos repasses, não tem meios para tantas frentes.
O caso do Cascatinha, porém, é apenas uma parte a ser resolvida. A cidade tem um passivo expressivo de locais que carecem de intervenções. O processo de renovação da concessão da MRS é uma aposta na mesa, pois entre as contrapartidas estão obras de construção de viadutos em vários pontos considerados críticos. A questão é saber quando essa ação será implementada.