Pacto pela segurança
Quando surgiu, o caso dos “Anões do Orçamento”, em 1993, foi considerado o maior escândalo político do país, tal o volume de recursos envolvidos, mas este foi rapidamente superado quando entrou em cena o mensalão, no julgamento histórico presidido pelo então ministro do STF, Joaquim Barbosa. Mas não era o ponto final. A operação Lava Jato deixou os dois episódios no chinelo e parece não ter fim. Com tantas investigações, acreditava-se que a lista tinha se esgotado, mais eis que surge o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral para mostrar que ainda há muito a ser desvendado. As investigações apontam para desvio da ordem de R$ 200 milhões, envolvendo artigos de toda sorte e outros tantos que podem estar em nome de terceiros.
Nunca na história deste país – parodiando Lula e Churchill ao mesmo tempo – alguns roubaram tanto em tão pouco tempo, embora se saiba que a corrupção vem de outras épocas, só se sofisticando com o decorrer dos anos. A velha frase “rouba mas faz” nunca esteve tão em evidência para explicar o volume de obras experimentado pelo Rio de Janeiro nas últimas décadas, mas sob um custo perverso no trânsito de dinheiro pelos porões da corrupção.
Nesse salve-se quem puder, a Assembleia Legislativa fluminense, ora às voltas com o pacote econômico do governador Pezão, ensaia, com votos da oposição e governistas, abrir duas CPIs, uma delas sobre as isenções de ICMS desde 2008. A outra é sobre as obras do Maracanã. A Juiz de Fora interessa a primeira, pois a cidade, assim como boa parte dos municípios mineiros que fazem fronteira com o Rio de Janeiro, foi afetada por conta da evasão industrial da última década. Atraídas por benefícios fiscais, empresas de médio e grande porte atravessaram a divisa e saíram de Minas. As concessões, porém, tiveram um custo bem mais alto, talvez, do que os benefícios que eram oficialmente esperados.