Os danos colaterais do calor
Meteorologistas advertem para as consequências da mudança climática não apenas na economia, mas também, e principalmente, na saúde da população
Abordar a questão do clima deve ser uma agenda permanente – e não apenas sazonalmente -, por ter se transformado numa questão preocupante. No último domingo, a cidade registrou 32.º, a maior temperatura do ano e mesmo com o fim do verão, nesta quarta-feira, os termômetros continuarão acima da casa dos 30.º. No Rio de Janeiro, a sensação térmica na Zona Oeste chegou a impressionantes 62.º. A vizinha Coronel Pacheco, com quase 40.º esteve na relação dos municípios mais quentes no fim de semana.
Os números chamam a atenção não apenas por causa da incidência de fortes chuvas, mas também por outras consequências. O jornal “Estado de São Paulo” destaca entrevista da professora Renata Libonati, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que alerta que a nova onda de calor deve ser encarada com preocupação sobretudo pelos gestores públicos.
Pesquisadora de bioclimatologia – área que estuda a interação do clima com os seres vivos -, ela adverte para o potencial mortal do calor, que supera em letalidade outros desastres causados por eventos extremos como enchentes e deslizamentos.
Ainda conforme o jornal matutino de São Paulo, “as mortes correlacionadas às ondas de calor são calculadas por meio de uma estatística que considera o histórico de fatalidades em uma região específica, em um dia, nos últimos 20 anos e o valor real de falecimentos que aconteceram naquela mesma data com a presença da onda de calor. Quando as mortes observadas forem maiores que as esperadas, indica excesso de óbitos.”
Fenômenos climáticos, como El Niño e La Niña, intensificados pelas mudanças climáticas, demandam ações amplas e coordenadas dos líderes, englobando planos emergenciais, investimentos em infraestrutura e educação pública. A criação de áreas verdes tornou-se uma necessidade por ser uma das alternativas para combater as fortes ondas de calor.
A mudança do clima é uma preocupação global, e não exclusivamente brasileira, embora os impactos possam variar de acordo com as características climáticas de cada região, mas o que ocorreu nesse fim de verão é emblemático por apontar que, a despeito dessas variações, o resultado tem sido o mesmo, pois até regiões antes infensas a grandes ondas estão sujeitas aos novos modelos de temperatura.
O sério problema desta situação é que, mesmo com tantos indicativos, as ações globais estão abaixo do necessário. O mundo, de maneira geral, não se empenhou adequadamente para combater o problema devido a debates políticos que obstruem iniciativas de grande escala. Ainda há fortes setores que rejeitam a ideia de a instabilidade climática ser resultado de ações ou inações humanas, preferindo imputar tais fenômenos à própria lógica do mundo.
É preocupante notar que não se trata de uma rejeição de grupos que desconhecem a situação atual. Ao contrário, todos sabem o que está acontecendo, mas resistem à tomada de necessárias medidas para, no mínimo, mitigar os visíveis danos que estão sendo mostrados todos os dias.
Trata-se de uma constatação preocupante por não ser uma rejeição de segmentos que desconhecem o que está acontecendo. Ao contrário, todos sabem o que está acontecendo, mas resistem à tomada de necessárias medidas para, no mínimo, mitigar os visíveis danos que estão sendo mostrados todos os dias.