Postos instáveis
As mudanças na cúpula da Polícia Civil podem ter razões próprias para serem efetivas, mas não deixa de chamar a atenção a frequência com que elas ocorrem. Só este ano, a cidade assiste à chegada do terceiro chefe do 4º Departamento de Polícia Civil de Juiz de Fora, com jurisdição também sobre Ubá e Muriaé, além dos demais municípios da Zona da Mata. Na próxima terça-feira, ele será apresentado, ocasião em que será possível ouvir suas propostas. Natural de Juiz de Fora, tendo concluído sua formação acadêmica na Universidade Federal de Juiz de Fora, o delegado Carlos Roberto da Silveira Costa tem grandes desafios.
Um deles é garantir eficiência numa equipe desidratada. O número de agentes é cada vez menor em relação à demanda. As estatísticas de crimes contra a vida e contra o patrimônio são preocupantes, mas a Polícia Judiciária sofre pela falta de efetivo e de equipamentos e está, ainda, sob o risco de ser alvo de uma corrida em massa de profissionais na busca de aposentadoria ante a iminência da reforma da Previdência. As vagas serão cobertas?
Também preocupa a perenidade do cargo. Quando o titular começa a impor seus projetos, é substituído, dando margem para um novo começo. Um cenário de problemas expressivos não é compatível com tantas substituições em tão pouco tempo, a despeito de serem parte da dinâmica do Governo. E aqui não se faz qualquer juízo de valor em torno do atual titular ou de seu substituto, e sim das políticas de Estado que levam a tais mudanças, como também tem ocorrido na cúpula da instituição em Belo Horizonte.
O que mais se espera é a consolidação de projetos capazes de virar o jogo numa batalha que, hoje, a sociedade está perdendo. Andar pelas ruas portando equipamentos tornou-se um gesto temerário, levando ao discurso de a vítima ser culpada por ser assaltada. Quando se chega a este ponto, algo está errado.