Mais farofa
O depoimento do ex-senador Delcídio Amaral, segunda-feira, no programa Roda Viva, foi pura nitroglicerina. Embora não tivesse apresentado provas – nem na sua delação premiada -, ele, como agente político, está disposto a desvendar os labirintos da política de Brasília, não poupando nem velhos companheiros. Sabatinado por um grupo de jornalistas, não escondeu suas mágoas, especialmente do presidente do Congresso, Renan Calheiros, a quem chamou de cangaceiro, nem do Governo do qual fez parte e representou como líder no Senado Federal.
Delcídio, em momento algum, livrou a própria cara, mas colocou no balaio atores importantes da República, advertindo que o pior ainda está por vir. Nesse enredo, o ex-presidente Lula é uma das peças principais e disse que a presidente Dilma Rousseff, a despeito da honra pessoal, conhecia os meandros dos acordos, sobretudo na Petrobras e no sistema elétrico.
Resta saber até que ponto será possível provar o que o ex-senador disse, pois, em Brasília, são poucos os amadores, mas o fato a discutir será a extensão do dano. O país, embora esteja se passando a limpo, não vê a hora de retomar outra agenda, sobretudo na economia, a fim de sair do atoleiro em que está metido. Com mais de 10 milhões de desempregados não há espaço para se dedicar apenas ao denuncismo. A Lava Jato tem que continuar, mas inverter o atual cenário é prioridade do Governo e também da oposição, que não pode, como Delcídio em alguns momentos, agir sob o incentivo da mágoa.