MENOS ADJETIVOS


Por Tribuna

17/09/2016 às 07h00

Os próximos dias serão pródigos para avaliar os efeitos do discurso do ex-presidente Lula, que convocou a militância petista a reagir ao que considera ataques do Ministério Público. Na última quinta-feira, em emocionado depoimento – sem direito a perguntas dos jornalistas -, ele atacou os procuradores da Lava Jato, acusando-os de uma jornada pessoal contra o projeto político do Partido dos Trabalhadores e contra ele próprio, com a desconstrução sistemática de sua biografia. Lula desafiou seus acusadores a provarem seus ilícitos. Em havendo, ele próprio irá a pé para ser preso.

Palavras à parte, é fundamental haver respostas sobre o que de fato tem dito o Ministério Público e as investigações da Polícia Federal, pois os discursos são insuficientes quando a discussão chega à Justiça. De fato, ao acusador é necessário fazer provas, e não convicções, mas o ex-presidente também precisa apontar claramente que não tem envolvimento com o que está sendo dito nos autos, pois, se vale para os palanques, a retórica nem sempre funciona nos tribunais, por ser o foro adequado para produção de provas e contraprovas.

De fato, os procuradores exageraram na exibição do trabalho que produziram até agora, sobretudo na forma e nos termos. Nos julgamentos e na própria vida, recomendam-se menos adjetivos e mais substantivos, pois só assim será possível dar consistência ao que está sendo dito. Ademais, enveredaram-se por um discurso no qual Lula é especialista. Ao partirem para as palavras, os dois lados mantiveram a discussão no mesmo patamar de dúvidas das quais já deveria ter se afastado.

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