Até a próxima chuva

O fim do verão deve ser considerado o período ideal para iniciar as necessárias medidas preventivas contra as chuvas


Por Paulo Cesar Magella

17/03/2024 às 06h02

A última semana de verão, se confirmadas as previsões da meteorologia, será marcada por fortes ondas de calor e tempestades em diversas regiões, seguindo o roteiro da estação mais chuvosa do ano. A questão é saber como o clima vai se comportar nas próximas estações diante da instabilidade que se tornou rotina a cada ciclo.

O que deve ser levado em conta, porém, é o que virá pela frente nos próximos anos e quais as ações que estão sendo implementadas para mitigar os danos das chuvas em determinadas regiões e da escassez em outras partes. Como prevenir continua sendo a melhor maneira de enfrentar as intempéries, não há espaço para a redução nos investimentos.

No caso de Juiz de Fora, a expectativa abrange as áreas sensíveis a inundações que estão em obras, como os bairros Industrial e Santa Luzia, para mencionar apenas esses, que devem ser prioridades da administração municipal. Embora sejam demandas que duraram anos para serem enfrentadas, agora que o processo de recuperação começou é fundamental que termine para assegurar que próximo verão tenha menos problemas.

O país tem um histórico de esquecimento. Após os períodos mais críticos, as ações ficam em estado de suspensão até que novas tragédias ocorram, como foi o caso da Região Serrana do Rio de Janeiro, que em pouco mais de uma década viveu duas tragédias.

Em janeiro de 2011, a região foi palco da maior catástrofe natural da história do país. Uma combinação mortal de chuvas intensas provocou enchentes e uma série de deslizamentos em várias cidades, entre elas Teresópolis Petrópolis e Nova Friburgo, resultando na morte de 900 pessoas e de milhares de desabrigados.

No ano passado, a região voltou a ser afetada por enchentes, inundações e deslizamento que mataram dezenas de pessoas. Assim como o desastre de 2011, esse incidente destacou a necessidade de ações preventivas e preparatórias para tais calamidades, especialmente em áreas propensas a deslizamentos e inundações.

Tais acontecimento apontam para a necessidade de fortalecer os sistemas de alerta precoce melhorar a infraestrutura e implementar políticas de uso e ocupação do solo, que considerem os riscos ambientais para prevenir futuras catástrofes.

O fim da estação não deve servir para desmobilização de medidas. Agora que o ciclo das chuvas passou, é importante acelerar as ações preventivas antes do próximo período. Tomar providência em plena incidência do problema é um esforço quase inútil, pois tudo que se faz nesse período serve apenas para mitigar danos.

Os eventos El Niño e La Niña, que se revezam a cada período, são resultantes também de ações e inações humanas, o que implica em responsabilização coletiva pelo que virá adiante. Não dá, pois, para esperar a próxima tragédia.

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