LINCOLN AVISOU


Por Tribuna

16/06/2016 às 07h00- Atualizada 16/06/2016 às 08h49

Quando presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln cunhou uma fase que venceu o tempo: “você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo, mas não consegue enganar a todos por todo o tempo”. O caso em questão envolve o deputado Eduardo Cunha, presidente afastado da Câmara Federal, cujo processo de cassação avançou no Conselho de Ética, a despeito de todas as especulações em contrário. Dois supostos aliados mudaram seus votos, e o caso vai para o plenário. Ao dizer que “não mandam nessa nega aqui”, a baiana Tia Eron apontou para o inesperado lado, após manter um incômodo silêncio de algumas semanas.

A Comissão de Ética, palco de todo tipo de manobra para adiamento do julgamento, concluiu o mais longo processo de sua história, fruto de ações protelatórias de Cunha e de seus aliados, a despeito de todas as evidências que contra ela pesam. Durante todo esse tempo, ele vem dizendo que não mentiu à comissão – o que seria quebra de decoro parlamentar – quando disse não ter contas no exterior. A pá de cal veio do Banco Central que o multou, e, junto com sua mulher Cláudia Cruz, ele terá que pagar R$ 1,1 milhão por ter conta na Suíça.

A situação do presidente da Câmara só se agrava fruto de tantos atalhos que utilizou e um discurso que não se sustentava em si mesmo envolvendo contas no exterior. Mesmo conhecendo o Regimento Interno, como poucos, ele esbarrou no vaticínio de Lincoln: não dá para enganar a todos por todo o tempo. Agora, respeitado o amplo direito de defesa, que já vem utilizando à vontade, ele terá que prestar contas aos seus pares e à Justiça, pois são vários os fóruns que querem a sua cabeça.

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