PEC não basta


Por Tribuna

15/12/2016 às 07h00

A aprovação da proposta de emenda constitucional que congela os gastos públicos para os próximos 20 anos, podendo ser revista em dez, só terá eficácia se o Governo avançar nas reformas que se fazem necessárias para recolocar a economia nos trilhos. A próxima etapa é a da Previdência, hoje um dos principais gargalos da área econômica. Com o avanço da expectativa de vida, cresceu o número de beneficiários e, por consequência, o custo do setor. Se nada for feito, o esforço com a PEC terá sido em vão, a despeito do protesto que se espalhou pelas ruas na noite de terça-feira.

A PEC é a única saída para corrigir uma lógica até então ignorada pelo Governo: gastar mais do que arrecada. Quando isso acontece, a dívida cresce, e o Estado tenta, por outros caminhos, fechar o mês. Isso implica redução de investimentos, aumento dos tributos e de juros, estabelecendo-se uma ciranda que resulta, como hoje, num cenário de incertezas. A despeito de ser antipática ao olhar das ruas, é fundamental para a retomada do crescimento e da confiança dos investidores. Tivessem os últimos dirigentes feito o dever de casa, o cenário, certamente, seria outro. A reforma da Previdência também chega com atraso.

O presidente Michel Temer, também no olho do furacão da Lava Jato, tem dito que é preciso coragem para agir, mas está disposto a levar o caso adiante por entender ser seu dever de chefe de Estado. Tem razão, mas precisa, também, reconfigurar sua base, pois só com respaldo do Congresso terá meios de fazer o que se faz necessário. Isso implica, necessariamente, mexer em peças da sua própria equipe, que levam a crise política para o centro do poder, algo que deve ser evitado, sobretudo agora.

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