Risco permanente
TM cobre o trecho entre Juiz de Fora e Maripá e atesta a existência de mais de 300 buracos; Governo diz que ação judicial impede a recuperação do trecho
Há cerca de um ano e meio, prefeitos da região elaboraram um documento, que levou o nome de Carta de Maripá, apresentando aos governos estadual e federal as suas preocupações com a malha viária da Zona da Mata. Além do risco permanente para os usuários, a falta de manutenção comprometia também o escoamento da produção. O documento chegou ao seu destino, mas a resposta, não. O prefeito de Bicas, Honório Oliveira (MDB), um dos líderes do movimento, lamentou o silêncio das instâncias superiores e o descaso com o problema.
Na última quarta-feira, antevéspera do feriado, repórteres da Tribuna percorreram o trecho entre Juiz de Fora e Maripá. Até Bicas, cerca de 30 quilômetros, contabilizaram mais de 300 buracos e acrescentaram um pouco mais até a etapa final da viagem. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), uma ação judicial está emperrando a contratação de uma empresa para fazer o trabalho de tapa-buracos. Pior ainda, sem qualquer previsão para o fim do impasse.
A falta de perspectiva é um dado preocupante, pois, com a chegada do período das chuvas, a tendência é a situação se agravar, aumentando os riscos para os usuários. Construída em 1975, a BR-267 é importante na ligação entre outras duas estradas federais (BR-040 e BR-116) e via de acesso aos municípios do entorno de Juiz de Fora. Sem entrar na lista da privatização, fica por conta do departamento, que, dependendo das ações da área econômica, fica à mercê de contingenciamentos.
E, quando o dinheiro é pouco, o lobby político torna-se necessário para achar o caminho dos investimentos. A Zona da Mata tem um expressivo número de parlamentares que devem, sobretudo em ação conjunta, exigir medidas para sanar o problema. Os buracos, visíveis no período de seca, tornam-se traiçoeiras poças d’águas. A TM constatou vários casos de motoristas afetados pelos buracos. Os dados revelam o aumento do número de acidentes, o que, por si só, já é motivo de pressão.
Entretanto a BR-267 não tem apenas buracos. A Carta de Maripá já denunciava também a falta de acostamento em boa parte de seu trecho e sinalização precária tanto na pista quanto nas placas encobertas pelo mato. Os usuários, sobretudo à noite e com chuva, fazem uma viagem às cegas, contando com a própria sorte para chegar sem danos ao seu destino.