INTOLERÂNCIA DIÁRIA
O episódio nos Estados Unidos, na Flórida, no qual um atirador matou 50 pessoas e feriu outras 53 numa boate gay, é indicativo do tempo de intolerância que perpassa as ruas pelo mundo afora. Lá, a despeito do viés de terrorismo que as autoridades apontam, também se explicitou a face do atraso de outras incompreensões explicitadas no dia a dia da sociedade que se diz pós-moderna. Nas relações de gênero ou de raça, a diferença tem sido vista como um impasse, que só se resolve com gestos extremos.
A intolerância se mostra, também, nas redes sociais, em que o diálogo, em vez de ser um elemento de aproximação, tem sido o mote de cisões, inclusive intrafamiliares, por conta, por exemplo, de opiniões políticas distintas. Nesse ciclo em que o país se passa a limpo, é fácil detectar esse sentimento. O pior desse enredo é a mobilidade dessa incompreensão. Ela se espalha por várias frentes, estabelecendo um clima preocupante por conta da velocidade em que avança.
E aí não há mais a divisão de primeiro ou terceiro mundo; de andar de cima e andar de baixo. A intolerância se espalha por conta dos muitos e diversos preconceitos, seja nas ruas, seja nas relações de trabalho ou sociais.
Em situações como essa, é necessária a utilização correta dos instrumentos de transformação, buscando, sobretudo, os jovens, a fim de imunizá-los de velhos preconceitos. Esse homem pós-moderno, que mais sabe matar do que viver, que descobre o segredo do átomo e desconhece o sermão da montanha, tem que ser alertado que ele, também, em algum momento, pode ser a próxima vítima.