Velha cultura
Um grupo de parlamentares, encabeçados pela chamada bancada da bala, cobra do Governo a criação do Ministério da Segurança, para ampliar as ações no setor, hoje sob os holofotes por causa da crise no sistema carcerário, especialmente no Norte do país. Entendem que, desta forma, a questão ganhará agilidade. Mas trata-se de um dado incerto, pois o que o país carece, hoje, é de execução das próprias leis criadas pelo Congresso do que novos instrumentos burocráticos. Há uma velha cultura de criação de postos, como se fosse esse o caminho. Quando saiu do poder, a ex-presidente Dilma Rousseff tinha sob sua administração nada menos do que 39 ministérios.
Mas, justiça seja feita, o hábito de criar pastas para resolver demandas é de longa data, fruto de uma discussão que passa diretamente pelo modelo político em vigor. As bancadas, ante cenários como esse, enxergam a possibilidade de ocupação de espaços, como ocorre, agora, na discussão desse novo ministério.
O presidente Michel Temer, que conhece bem os dois lados, reluta, mas não há certeza de que irá resistir por muito tempo. Se ceder, venderá ao país a expectativa de solução para um problema que está em outra ponta. Entra e sai governo, e os planos de segurança ficam no papel, implementados apenas em alguns pontos, mas sem avaliar a dimensão do problema. O que hoje se vê é fruto dessa inação.
O ministro Alexandre de Moraes é contra a ideia, mas está sob fogo cruzado, inclusive de antecessores, que vêm nele mais um político com discurso do que um administrador, mas aí a discussão é outra, pois passa diretamente pelo jogo de poder que corre solto nos bastidores sem se importar, necessariamente, com o sentimento de preocupação que ocupa as ruas.