TEM QUE EXPLICAR
A reforma da Previdência é necessária, sob o risco de, em não o fazendo, as próximas gerações ficarem sem direito à aposentadoria, mas o Governo precisa explicar direito o que pretende fazer. Caso contrário, perderá as ruas e os prazos para a mudança. Sem reformas, o país terá que buscar outras fontes de financiamento, implicando, portanto, novos impostos e ônus para a já penalizada população.
Com mandatos que o antecederam de forte viés social, Michel Temer terá que trabalhar a comunicação para explicar que não está cassando direitos, como já se diz pelas redes sociais, e sim preservando o futuro dos beneficiários. Todas as medidas devem ser detalhadas, para não causar ruídos na sua discussão. O Congresso, a despeito de todos os esclarecimentos, olha primeiro para a arquibancada e, dependendo do que ouvir, vota contra até os princípios básicos que precisam ser adotados para colocar a economia nos trilhos.
O problema da nova gestão está em sua dubiedade, a começar pelo presidente, que reage por impulso e depois é induzido a recuar em suas decisões. Logo na posse, Temer disse que iria reagir aos ataques para, depois, dizer que não era bem isso. Em outra ocasião, minimizou os protestos para, só mais tarde, reconhecer que são democráticos, e não meros arremedos de jovens estudantes.
Para tratar da reforma, tem que ser firme e claro, a fim de indicar que todos ganham com uma mudança séria, capaz de garantir direitos em vez de retirá-los. Capaz de garantir o futuro, e não de encurtar benefícios, especialmente dos que ora ingressam no mercado de trabalho.