ÚLTIMOS PASSOS
A aprovação pelo Senado do relatório do senador Antonio Anastasia, no qual pede a cassação do mandato da presidente afastada Dilma Rousseff, é a penúltima etapa de uma questão que perpassa o noticiário político dos últimos seis meses, o que indica a necessidade de um desfecho para o bem coletivo, seja qual for o resultado da votação. O país precisa ir adiante, e, enquanto durar tal sangria, não há meios de conter a incerteza, sobretudo, do setor produtivo, que quer se mexer, mas não sabe, ainda, sob que circunstância. Pelo andar do processo, é provável que até o fim do mês haja uma definição de mérito, dependendo apenas da marcação da data pela Mesa Diretora do Senado, respaldada pelo ministro Ricardo Lewandowisk, presidente do Supremo Tribunal Federal, a quem cabe a função de dirigir os trabalhos.
Mas não é só o caso da Presidência da República que precisa de um ato final. Na mesma praça, mas do outro lado da rua, a discussão na Câmara Federal precisa acabar. É hora de se julgar o ex-presidente da Casa Eduardo Cunha, por uma necessidade do bom senso e da moralidade no sistema público. Autor de um inumerável elenco de recursos, ele vem adiando a decisão dos pares, o que só aumenta o desgaste da instituição. Cunha, a despeito de tantas provas, insiste em se declarar inocente e vítima do Governo federal, que faz a mesma leitura, achando ter sido ele o catalisador do processo contra a presidente Dilma.
Em meio a duas questões importantes, ocorrem uma Olimpíada e os primeiros passos da eleição municipal. Se, por um lado, apontam para a estabilidade das instituições, por outro, indicam que é fundamental dar curso aos atos políticos, ora emperrados por recursos e abafados pelos jogos. Dilma e Cunha, apesar de todas e profundas diferenças, estão no mesmo barco, fora do poder que ocuparam, sendo afastados por circunstâncias que os fazem alvo de ações extremas, como a interrupção do mandato.