Acerto de contas

O recadastramento biométrico não é um simples ato burocrático, mas um passaporte para o exercício da cidadania


Por Tribuna

10/10/2019 às 06h58

Têm razão o prefeito Antônio Almas e o presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Rogério Medeiros, ao lembrar aos eleitores para não deixar o recadastramento biométrico para última hora. Pela manhã, em entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora, o magistrado traçou um panorama otimista, embora tenha reconhecido que ainda há muitos eleitores para acertarem a sua situação. Mais tarde, quando compareceu ao cartório para o recadastramento, o prefeito passou pela mesma trilha ao advertir que não é bom deixar tal decisão para a última hora.

As insistentes advertências da Justiça Eleitoral começam a surtir efeito. No último sábado, no plantão instalado na Câmara Municipal, cerca de 800 eleitores fizeram a biometria, número superior aos demais dias, cuja média fica em torno de 600 atendimentos. Mas ainda é cedo para comemorar. Embora o prazo derradeiro seja no dia 21 de fevereiro, Juiz de Fora ainda está com dados cadastrais aquém das expectativas. Há duas semanas, a Tribuna mostrou que 57% dos eleitores registrados na cidade ainda não tinham comparecido aos cartórios eleitorais para acertar sua situação.
É fato que alguns hábitos passam por transformação, e deixar para a última hora é um dos que ainda resistem à pressa dos novos tempos, quando o mundo digital exige decisões em tempo real. O expressivo contingente de inadimplentes eleitorais é resultado da chamada “falta de tempo”, como se o recadastramento fosse uma questão menor.

Trata-se de um equívoco, pois as consequências são graves, a começar pelo impedimento ao voto do eleitor sem o recadastramento. O velho título eleitoral sai de cena para a ida às urnas num avanço próprio dos novos tempos. Ademais, o processo de votação tende a ser mais rápido, pois a biometria corta etapas. Há problemas a serem sanados, mas é questão de tempo. A digitalização, como já foi dito neste mesmo espaço, é comum em várias instâncias, como em consultórios médicos e no ponto de empresas públicas e privadas.

Sem o título eleitoral, o cidadão perde o direito a participar de concursos públicos e fica impossibilitado de tirar o passaporte. O dano maior, porém, é se ausentar da eleição, o principal momento em que a população se encontra com os candidatos para o democrático “acerto de contas”.

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