Desafios da terceira idade

No mesmo período em que a cidade celebra a Semana do Idoso, com ações em várias frentes, inclusive no trânsito, no qual eles são a maioria das vítimas, a polícia registrou um caso de maus-tratos em que a personagem central é uma idosa de 72 anos, que não enxerga, encontrada desidratada e desnutrida. Aos policiais militares, ela disse que o filho lhe servia comida podre. Depois de prestar depoimento, ele foi liberado, mas as investigações prosseguem.

A lição a ser tirada é que esse caso, a despeito de suas circunstâncias próprias, não é isolado. Várias ocorrências com características semelhantes chegam aos órgãos de defesa do idoso tendo como autores pessoas próximas, com as quais a vítima tem convivência permanente. Mudar essa situação é o grande desafio, pois envolve, além de esclarecimentos, ações públicas que garantam a defesa desses personagens.

Há, de fato, avanços, particularmente em Juiz de Fora, onde há, principalmente na Câmara Municipal, uma comissão própria para a terceira idade. Ela tem sido ativa ao atuar em parceria como outras entidades ligadas à Prefeitura que trabalham com o mesmo objetivo. Mas há muito o que fazer, sobretudo em torno das vítimas que vivem no isolamento dos lares e no silêncio dos mais próximos. Muitos se omitem por medo, outros por conivência. As investigações no caso da idosa encontrada abandonada devem ir ao ponto, para verificar se há outros envolvidos.

Nesta quarta-feira, dentro das comemorações, haverá uma roda de conversa, na qual serão discutidos temas importantes, inclusive a violência contra os idosos. Se, em outros tempos, havia o respeito – embora não se possa assegurar que não houvesse violência, uma vez que a divulgação dos fatos era precária -, hoje a figura do idoso passa por um desafio. Ele continua sendo a referência financeira de um expressivo número de lares, o que leva à exploração, mas, ao mesmo tempo, em vez de exaltado, é colocado à margem, como se fosse um apêndice. É preciso mudar.