A vez de Maia
Enquanto presidente Temer participa do G-20, na Alemanha, no Brasil, crescem as articulações para a eleição indireta do presidente da Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia, tornou-se a bola da vez no debate político. Considerando que a eleição de um eventual sucessor do presidente Michel Temer deve ser indireta, como estabelece a Constituição, próceres do jogo político entendem ser ele a opção viável para tocar o país até outubro de 2018, quando seriam realizadas eleições diretas.
O sinal mais visível veio do presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati. A despeito de estar provisoriamente no cargo, ele, ao contrário do presidente licenciado Aécio Neves, defende a saída dos tucanos do Governo, sob o argumento de que não faz mais sentido sustentar um presidente acusado de corrupção em pleno exercício do mandato. O parlamentar cearense considera alto o custo a ser pago pelo suporte, sob o risco de fiasco no pleito do ano que vem.
Tasso não está sozinho no discurso, mas há divergências, a começar pelo próprio Aécio, que defende ser fundamental sustentar a atual administração até o fim, para garantir a governabilidade. Ele próprio, porém, tem problemas dentro da legenda, por ser alvo de nove inquéritos no Supremo Tribunal Federal, embora tenha sido absolvido pelo Conselho de Ética do Senado.
O presidente viajou para participar das reuniões do G-20, mais por necessidade de mostrar que está tudo bem, pois sabe que, a essa altura do campeonato, a sua presença no encontro traz mais constrangimentos do que resultados para o país. Na sua recente passagem pela Noruega, recebeu um pito da primeira-ministra, preocupada com as questões ambientais. Agora, seu nome sequer estava na lista dos presentes, mudada de última hora.
A defesa encaminhada ao STF, como é praxe no meio jurídico, foi de ataque ao relator, na tentativa de desconstruir seus argumentos e mostrar que as provas são meramente circunstanciais. No STF pode até ir bem, mas na Câmara, na qual a licença para o prosseguimento da ação tem que ser autorizada, a base governista é frágil. Os deputados usam como referência não os autos, mas o instinto de sobrevivência.