GESTOS TARDIOS
O Tribunal de Contas da União, como revelou a Tribuna na edição de ontem, tenta barrar iniciativa do Governo de renovar contrato das concessionárias de rodovias, entre elas a Concer – que gerencia o trecho Juiz de Fora-Rio de Janeiro -, por considerar que elas não cumpriram suas metas. O TCU argumenta que a renovação antecipada de contratos que só vencem daqui a cinco anos seria premiar empresas que deixaram de cumprir obrigações firmadas em contrato. Elas negam, garantindo que atuam dentro da legalidade.
No caso que interessa aos usuários de Juiz de Fora, a questão está nos prazos apresentados pela empresa e que foram dilatados, como a construção de um túnel na Serra de Petrópolis, para reduzir distâncias e suprimir a série de curvas que só levam risco a quem passa pelo trecho. Na versão original, a obra deveria ter sido feita ainda na parte da concessão, como a Tribuna chegou a denunciar na ocasião. Uma mudança contratual deu à empresa o direito de priorizar a duplicação entre Juiz de Fora e Matias Barbosa, cujos custos foram bem mais modestos, ficando a questão mais onerosa para a renovação.
Nesse jogo de ataque e defesa, os usuários acabam ficando com a conta, pois a obra anda a passos lentos e o que seria uma vantagem hoje é um problema. A previsão inicial era de fim dos trabalhos antes dos Jogos Olímpicos. Sem chances, com as metas jogadas para o ano que vem, ou até mesmo 2018.
A relação de governo e concessionárias teve o lado positivo da privatização, pois, inegavelmente, a BR-040 é outra: mais segura, sinalizada e de fácil trânsito, mas tem o lado perverso de um pedágio caro e obras inacabadas. Fora da lista do TCU, pelo menos por enquanto, a privatização entre Juiz de Fora e Brasília tem também os seus senões. Um deles é a cobrança de pedágio num trecho que ainda carece de obras, pois a prioridade foi para o trecho em território goiano, a despeito de as principais demandas estarem em Minas.