Os muitos desafios do transporte
Remodelação do sistema é um desafio, mas também uma necessidade, a fim de garantir qualidade para os usuários e equilíbrio financeiros para as empresas concessionárias
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O estudo ainda em andamento feito pela Fundação de Desenvolvimento de Pesquisa (Fadep), resultado de convênio entre a Prefeitura de Juiz de Fora e a Universidade Federal, para tratar da remodelação do sistema de transporte da cidade, é o ponto mais importante das discussões envolvendo a mobilidade urbana nos últimos anos. São muitos os desafios que perpassam anos e diversas gestões sem que haja um fato novo capaz de garantir qualidade para os usuários e viabilidade financeira para as empresas.
É fato ser uma discussão nacional, que traz o Congresso Nacional para o debate, já que o que ora ocorre em Juiz de Fora é apenas parte de um contexto nacional. Em algumas metrópoles como o Rio de Janeiro, o passageiro do transporte público enfrenta toda sorte de mazelas: faltam ônibus, não há segurança, atrasos frequentes e, para uma cidade de altas temperaturas, somente parte da frota tem ar condicionado.
Juiz de Fora está longe disso, mas carece de mudanças que estão em curso desde 2021, quando decidiu-se tirar do usuário o ônus exclusivo de sustentação do sistema. Nas principais cidades do mundo, o transporte urbano tem o Estado como um dos principais financiadores, por não haver outra alternativa. Garantir o equilíbrio financeiro das empresas apenas com base nas passagens é um contrassenso. Ademais, há fatores que contribuem ainda mais para os problemas. Se pelo olhar social são uma necessidade, pelo viés econômico muitas gratuidades aumentam ainda mais o custo da passagem.
Por conta disso, cabe ao Congresso discutir, votar a aprovar um fundo capaz de financiar pelo menos a gratuidade. Na edição de ontem, o repórter Renato Salles aponta que em Juiz de Fora pelo menos 18 categorias gozam do benefício.
Pelos prazos acordados, o estudo deve ficar pronto ainda neste primeiro semestre, o que aumenta a expectativa em torno de seu conteúdo, sobretudo pela necessidade de adaptar o sistema de transporte aos novos tempos. Para tanto, além da adoção de tecnologia, é fundamental trazer a comunidade e os servidores do setor para a mesa de discussão uma vez que muitas mudanças, algumas delas já em fase de adoção, terão implicações diretas, sobretudo entre os trabalhadores.
Desde o ano passado está em pauta a substituição dos trocadores pelo sistema eletrônico. Houve entendimento de fazer a mudança gradativamente, garantindo o emprego dos atuais profissionais, mas são ações inexoráveis que já chegaram a outros setores. O sistema bancário foi um dos mais afetados a partir da informatização. As longas filas nos caixas foram substituídas em parte pelos caixas eletrônicos. Hoje são os aplicativos que facilitam a vida dos usuários.
O sistema de transporte tem uma vibe diferente, mas seu funcionamento passará, necessariamente, por adaptações que induzam mudanças no sistema. Por isso, envolver todos os personagens tornou-se uma necessidade dos novos tempos.