A segurança de Temer
Sob pressão dos acontecimentos em Manaus, o governo do presidente Michel Temer apresentou seu plano nacional de segurança, cujo foco são os homicídios, o feminicídio e o tráfico de drogas e armas, mas não definiu data para a sua implementação, o que já é algo preocupante, pois segue o mesmo roteiro de administrações anteriores, que também apresentaram propostas, muitas delas até hoje retidas no papel.
Aliás, no papel, a proposição é boa, sobretudo quando trata da construção de presídios já com separação de apenados de acordo com sua periculosidade. A mistura nos presídios é um problema grave, pois, como já foi dito neste mesmo espaço, internos de baixa periculosidade acabam sendo cooptados. E trata-se de um problema que dura décadas. Ainda nos anos 1980, o então juiz da Vara de Execuções em Juiz de Fora, João Sidney Afonso, numa visita ao presídio de Santa Terezinha – hoje desativado -, classificou o espaço de sucursal do inferno, tais as condições de acolhimento dos presos.
Essa realidade só piorou. As cadeias estão superlotadas e, como também ressaltou o magistrado, tornaram-se autênticas universidades do crime, agora sob o agravante do controle das facções. Os episódios da capital amazonense, que aceleraram o projeto do Governo, são a prova clara desse jogo de poder, que se explicitou em execuções com requintes de crueldade, próprios de quem deseja manter o controle.
O plano ainda não concluído prevê a construção de cinco presídios federais de segurança máxima, unidades estaduais e bloqueadores de celulares. São todas de viés repressivo, o que é necessário, mas que não devem se esgotar aí. A matriz da violência tem outras fontes, e também nelas é preciso investir.