LEGADO DOS JOGOS
O Rio 2016 tem diversos significados, a começar pelo seu ineditismo: a América do Sul recebe pela primeira vez os Jogos Olímpicos, num complemento importante para o país, que, há dois anos, recebeu a Copa do Mundo e, há nove, os Jogos Pan-Americanos. Dito isso, é possível discutir o legado dos jogos, pois, quando se abrigam competições de tal porte – e a Olimpíada é a maior delas -, é fundamental levar em conta o que ficará para depois. O Pan foi a porta de abertura desse processo de competição, e sua herança não foi tão positiva. Vários espaços foram praticamente abandonados, e outros, como o Engenhão, tiveram que passar por uma ampla reformulação, em tão pouco tempo, indicando que a construção não tinha preocupação com a perenidade.
Os estádios da Copa do Mundo, agora chamados de Arena, também foram ponto fora da curva. Salvo os situados nas principais cidades brasileiras, alguns tornaram-se autênticos elefantes brancos ante a pouca vocação esportiva de tais regiões, que, mesmo assim, entraram na licitação para abrigar os jogos. Hoje, diversas investigações apontam também para um outro dado perverso: o superfaturamento dos custos e a suspeita de recursos desviados para processos políticos pouco republicanos ora investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.
Os Jogos Olímpicos, como a Copa do Mundo de Futebol, são importantes para o país, pois são indicadores da capacidade de mobilização de um povo e sua inserção no cenário internacional. A Copa, a despeito de todas essas mazelas, superou todas as expectativas – menos em campo – por mostrar ao mundo que não somos um povo só de samba e futebol. Ao contrário, a organização da competição foi registrada até pelos mais severos críticos. Agora, é a vez da Olimpíada, e o que se espera é que o Rio, especialmente, também se mostre como uma vitrine em vez de vidraça.