CURTO-CIRCUITO
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, em entrevista à rede americana de televisão CNN, desancou a segurança do estado às vésperas dos Jogos Olímpicos, embora ressalvasse que não haverá motivo para medo por conta do suporte de outras forças para manter a paz na cidade. Para ele, é um alento o setor não ser responsabilidade só do Governo do Rio. “Vai ter força nacional, o Exército, a Marinha. Todos estarão aqui”, desabafou. Mais tarde, disse ter sido mal interpretado. A fala, porém, não é a primeira crítica do prefeito ao comando estadual. Na semana passada, ele já havia pontuado a situação da saúde, lembrando que a Prefeitura chegou a emprestar dinheiro ao Estado para resolver o problema, o que não aconteceu. O discurso do prefeito pode ser um escapismo diante de riscos nos jogos, mas também uma jogada política de quem tem planos para o pleito de 2018. O fato é que, embora aliado do governador Luiz Pezão, ele ensaia voo solo a menos de seis meses de encerrar seu mandato.
Mas é possível ultrapassar as divisas e avaliar que a segurança pública não é problema apenas no Rio. Também nas regiões de médio e pequeno porte a situação é preocupante. Hoje, por exemplo, a Comissão de Segurança da Assembleia faz audiência pública na então pacata São João Nepomuceno para apurar a onda de crimes que ganhou forma nos últimos meses, motivada, principalmente, pelo consumo e tráfico de drogas. Os deputados vão fazer o seu papel, mas a solução é do Governo estadual, que tem dificultado o aumento do efetivo para além da capital e Região Metropolitana.
Em Juiz de Fora, a Tribuna destacou ontem o crescimento da violência por conta de roubos de celulares. Entre janeiro e abril deste ano, o número aumentou quase 30%, sobretudo no Centro e na Zona Sul. O furto deixou de ser o meio, com os autores partindo para a agressão ou o uso de armas a fim de constranger as vítimas. As causas são notórias: roubo para compra de drogas. As autoridades de segurança chamam a atenção para o exibicionismo dos usuários, recomendando parcimônia no uso, sobretudo em locais públicos, mas aí há o problema em torno dos adolescentes – as principais vítimas. O celular deixou de ser um equipamento de voz, sendo meio para mensagens e, até mesmo, para mostrar ao grupo a sua posse.
O que se espera é o incremento de ações preventivas, com identificação dos recorrentes infratores, aumento do efetivo e ampliação da vigilância eletrônica, que já se mostrou vital para a defesa da sociedade.