Hora de conversar

A falta de comunicação direta tornou-se um problema no diálogo entre a Prefeitura e os empresários, a despeito de haver consenso em suas preocupações com a Covid-19


Por Tribuna

06/05/2020 às 06h58

A pandemia do coronavírus, numa primeira etapa, gerou profunda incerteza, pois pouco se sabia da sua extensão. Diante da falta de informação, vários países foram lenientes em suas ações e agora pagam um preço alto com vidas, mas nesses cinco meses do ano já foi possível detectar a importância de algumas ações e meios para assegurar a vários setores um mínimo de atividade para garantir a sua sobrevivência. O isolamento é uma máxima indiscutível, mas até mesmo para a adesão coletiva de todos os segmentos é necessário haver interlocução.

E talvez seja isso o que está faltando em Juiz de Fora entre a Municipalidade e o setor produtivo. É preciso ampliar a comunicação e reforçar o discurso de estarem todos no mesmo barco. A falta de informações vindas diretamente dos gestores é um dado crucial, como ficou recorrente nas queixas feitas ontem, quando foi apresentado o G12, grupo que reúne 12 entidades representativas da cidade que destacam não saber até quando vai durar o isolamento. “O Município tem que manter um diálogo claro com quem depende do setor produtivo”, destacou um dos participantes da entrevista coletiva, na sede da Associação Comercial.

Num cenário de incertezas criam-se tensões. E é o que se percebe nos fóruns de discussão. A vida vem em primeiro lugar, e isso é consenso, mas, enquanto não for dito com todas as letras o que está sendo feito e o que é possível fazer, as reclamações vão continuar, pois os próprios empresários precisam dar respostas aos seus funcionários, fornecedores e consumidores. Alguém da Prefeitura tem que assumir esse papel, mas com prerrogativa suficiente para dizer o que pode ou não ser feito. Ficar no silêncio da dúvida é o pior dos mundos.

A via contrária também é importante. Sabe-se que várias destas entidades têm planos de contingência que precisam ser claramente apresentados aos gestores municipais, a fim de se fazer uma espécie de encontro de contas, tipo isso pode, isso não ou isso vamos avaliar. Embora seja a principal autoridade do município, o prefeito Antônio Almas deve passar essa missão para um interlocutor capaz de emitir respostas e fazer perguntas, uma vez que ele, além dessa demanda, tem outras frentes para atuar. Afinal, a cidade não para.

Na última segunda-feira, por exemplo, obteve consenso dos deputados estaduais e federais em torno dos repasses necessários para a cidade e para a região. Independentemente da orientação ideológica, todos abraçaram a causa, mesmo que daqui a alguns meses, no ciclo de campanha, apresentem suas diferenças. É do jogo.

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