Perigo nas redes

Uso inadequado das redes sociais pode causar danos irreversíveis, indicando a necessidade de uma discussão profunda sobre
o tema


Por Tribuna

05/10/2019 às 07h00

Desde meados desta semana, uma escola particular da Zona Norte convive com uma situação inusitada e preocupante: um jovem postou mensagem nos grupos de WhatsApp anunciando um possível atentado na instituição, cujo autor seria um adolescente, após um entrevero com uma professora. Em princípio, pensava-se que o próprio jovem fosse o responsável pela divulgação nas redes sociais. Esclarecidos os fatos, verificou-se ter sido um amigo.

São duas situações distintas, mas que apontam para o risco de publicações na rede mundial. O adolescente, em princípio, teria feito apenas um comentário, segundo ele próprio, como um desabafo. A outra foi a disseminação da suposta ameaça sem avaliação de suas consequências. O dano se ampliou quando o texto viralizou, deixando pais perplexos, alunos com medo e dirigentes da escola preocupados.

O assunto, em princípio, está encerrado, mas, quando se trata de ameaça, a ação é condicionada, isto é, a parte supostamente afetada pode encerrar ou prosseguir com o caso. Essa decisão ainda não foi anunciada.

O episódio, no entanto, pode até ter sido encerrado, mas, de novo, aponta para o uso inadequado das redes sociais. O mundo está recheado de informações que traduzem um cenário de despreocupação com os fatos ou as suas consequências, forjadas, especialmente, sobre o viés das fake news.
Em algumas situações, elas são mero exercício de ingenuidade; em outras, porém, há sempre um interesse por trás, o que faz delas um instrumento perigoso, disseminado em todas as instâncias.

Em Brasília, discute-se a possibilidade de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para tratar do tema, mas esbarra no jogo de interesse que perpassa as relações do poder.

As redes sociais vieram para ficar, restando, sobretudo, à instância política avaliar uma legislação que coíba os abusos e estabeleça responsabilidade, a fim de garantir que a postagem, ou o seu compartilhamento, não produza tantos danos como hoje é possível verificar.

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