Olhar no passado
Com possibilidade clara de ficar polarizada – de novo – entre PT e PSDB, a eleição mineira vai olhar para o que fizeram os seus gestores sem colocar em pauta o que virá pela frente
A nota do Governo de Minas culpando os prefeitos que entram na Justiça pelo descontrole do caixa, além de classificar o gesto como equivocado, provocou reações dos chefes de executivos municipais – entre eles o de Juiz de Fora, Antônio Almas – por considerarem que o equívoco, na verdade, é da instância estadual, que tenta repartir a culpa com os municípios num momento em que se vê acossada por decisões que obrigam o pagamento do que é devido. Almas, em entrevista à Rádio CBN, disse que Juiz de Fora é signatária das ações, uma vez que o atraso nos repasses compromete toda a estratégia da Prefeitura, como o provimento do caixa para pagamento do 13º salário dos servidores.
Esse embate com os prefeitos é um erro tático que terá custos na campanha eleitoral, mas não será o único. Se for consolidada a polarização entre os candidatos Fernando Pimentel (PT) e Antonio Anastasia (PSDB), os eleitores vão se deparar com um debate mais voltado para o passado do que para o futuro. O atual governador vai culpar a gestão tucana de ter-lhe deixado um passivo impagável, enquanto os tucanos vão dizer que ele foi ineficiente na gestão do estado, pois sabia o que tinha pela frente e prometeu resolver.
Esse bate e volta faz parte do processo, mas é fundamental que os dois candidatos também olhem para o futuro, pois é neste que se encontra o grande desafio dos gestores que vão tomar posse em 2019. Na instância federal, há um país que tenta retomar o crescimento, enquanto nos estados a conta não fecha, e é preciso reverter o jogo. Em ambas há o pano de fundo da corrupção, outro tema que subirá aos palanques.
É bem verdade que os políticos, nesse aspecto, não poderão falar muito um do outro, porque todos têm os seus fantasmas, mas o eleitor, que não tem nada com tais mazelas, vai cobrar explicações, pois não faz sentido, depois de tantos anos, insistir na eleição de personagens que, em vez de fazer do mandato quase um sacerdócio, tiveram na imunidade a proteção para praticar atos fora do viés republicano.