EFEITO CASCATA II
Não é de hoje que Juiz de Fora vive o drama de, por ser polo, acolher a demanda de pacientes da região. Com problemas próprios, o município enfrenta o ciclo permanente de pessoas transferidas pela absoluta falta de atendimento em suas regiões. No domingo, a Tribuna mostrou tal cenário e constatou tratar-se de uma situação recorrente. Há anos, fala-se na criação de consórcios, a fim de desafogar a cidade matriz, mas pouco se faz, ficando a bola para prefeituras de maior porte, responsáveis por bancar o atendimento por conta própria, enquanto as que ficam em seu entorno, sem dinheiro, só repassam o problema.
Essa situação se repete pelo país afora, com o efeito cascata que tem sido denunciado por este jornal em várias ocasiões. Num cenário como esse, para os pequenos municípios, a saída é comprar uma ambulância para transferir seus doentes; e, como o SUS é universal, não se pode negar o acolhimento. O grave desse enredo é que a via política, em vez de ajudar, acaba piorando a situação. Basta ver o discurso frequente de deputados, especialmente, indicando terem conseguido ambulâncias para ajudar os prefeitos.
Não é de graça, pois, que a saúde é a questão que mais pega na opinião pública. Em tempos em que os pré-candidatos aferem suas possibilidades, os institutos contratados são unânimes em revelar que tal rubrica está no topo das preocupações populares. O problema, porém, é resolvê-la, já que a União e o Estado fazem pouco em sua parte, não apenas deixando de repassar recursos adequados mas também não fazendo o dever de casa. Em Juiz de Fora, basta ver a situação do Hospital Regional. Já passou por várias administrações e permanece sem data para ficar pronto.
Se fosse só isso, porém, ainda haveria boas notícias. As obras físicas são a parte inicial de um projeto que carece de equipamentos e, sobretudo, custeio. E é aí que pega, pois, sem uma gestão adequada e pactuada com outras regiões, o que hoje é problema no HPS só vai mudar de lugar.