Ponto sem volta
Investir na educação é uma prioridade, a fim de preparar o país para os muitos desafios do futuro
O desempenho do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), a despeito de apresentar uma leve melhora nas pontuações de leitura, matemática e ciências, ainda está aquém de todas as expectativas. Somente dois a cada cem estudantes atingiram os melhores desempenhos em pelo menos uma das disciplinas avaliadas. “O Brasil ficou abaixo das médias dos países da OCDE. Em leitura, os 37 países membros do grupo, composto, por exemplo, por Canadá, Finlândia, Japão e Chile, obtiveram 487 pontos em leitura, 489 em matemática e 489 em ciências. Como na avaliação 35 pontos equivalem a um ano de estudos, o Brasil está a pouco mais de dois anos atrás desses países.”
O investimento em educação é a única saída para as políticas de longo prazo, pois prepara uma nova geração para os muitos desafios do futuro. No final dos anos 1950, na virada para a década seguinte, a Coreia do Sul ostentava índices bem abaixo dos do Brasil. O investimento maciço em educação virou o jogo, e o país asiático é hoje uma potência tecnológica. Outros países que caminharam pela mesma trilha estão colhendo seus frutos. Até mesmo o Vietnã, dizimado num conflito intenso contra os Estados Unidos, nos anos 1960 até meados de 1970, tão logo terminou a guerra, apostou na educação como única alternativa para sair do extremo estado de pobreza decretado pelo conflito para tentar a sua redenção. Está dando certo. Apesar de seus números não terem sido apresentados no Pisa, sabe-se que são positivos.
O grave desse enredo são as consequências. Boa parte das mazelas enfrentadas pela população tem como matriz a falta de educação adequada, o que implica menor chance no já desafiante mercado de trabalho. A educação também é a base para comportamentos. A violência tem em sua falta uma das matrizes, pois personagens em estado de vulnerabilidade são menos infensos às medidas de socialização.
Tecnologicamente também há riscos, pois, num cenário de ampla renovação, com a tecnologia sendo atualizada permanentemente, o país corre o risco de ter uma parada e ter graves consequências no enquadramento mundial.
Assim como no impasse ambiental, ora discutido em fóruns internacionais, vivemos momentos derradeiros, exigindo a tomada de providência antes que se chegue a um caminho sem volta. O secretário geral da ONU, Antônio Guterres, ao abrir a COP-25, em Madri – que trata do clima -, na última segunda-feira, disse que o mundo está chegando a um ponto sem volta. Na educação, estamos próximos disso.