Mudança de espaço
Antes da eleição, as regras eleitorais devem provocar mudança na composição dos partidos na Câmara Municipal
É fato que a eleição majoritária chama mais a atenção por ser um cargo único, seja prefeito, governador ou presidente, mas o preenchimento dos postos legislativos, muitas vezes negligenciado pelo eleitor, deve ser alvo de atenção, pois são vereadores e deputados os responsáveis pela elaboração de leis e, sobretudo, pela fiscalização do Executivo na necessária divisão dos poderes.
Às vésperas do ano eleitoral, a discussão é rasa quando se trata da Câmara Municipal. O eleitor e os setores formadores de opinião especulam sobre os nomes que irão para o grid de prefeitos, deixando à margem a formação do Legislativo.
Trata-se de um equívoco, pois os bastidores mostram quão ativo está o processo de candidaturas. Os pré-candidatos fazem contas, pois o pleito de outubro de 2020 terá novidade com o fim das coligações e o piso de 10% do quociente eleitoral. Até então, os acordos tinham o viés das alianças – interessadas ou não -, que garantiam a eleição de candidatos com baixo potencial de votos graças aos puxadores. Tal “perversidade” deixava de fora nomes bem votados em detrimento de eleitos por osmose.
Com a nova regra, o salve-se quem puder se voltou para o público interno, isto é, os partidos, em vez de pulverizarem suas listas para apresentar o maior número de candidaturas, inclusive pelos partidos “aliados”, agora se concentram com o olhar voltado para dentro: estão à caça de bons de voto para garantir espaço na Câmara Municipal.
Por conta disso, as perspectivas mudaram, obrigando até mesmo os bons de voto a procurar abrigo em legendas com maior grau de segurança. Por isso, não haverá surpresa se até abril, quanto terminam os prazos, ocorrer uma dança de cadeiras no Legislativo. As formações que chegaram ao Palácio Barbosa Lima em janeiro de 2017 terão novo formato. Algumas legendas serão anabolizadas, outras devem passar por um amplo processo de desidratação.
Esse cenário faz parte do jogo e aponta para o aperfeiçoamento da lei, a fim de garantir a representatividade mais próxima ao interesse do eleitor. Cabe aos partidos se articularem para ganhar espaços. Uma das estratégias será lançar candidatos majoritários para chamar a atenção do eleitor. Dessa forma, não haverá surpresa se o número de pretendentes ao cargo de prefeito crescer, mesmo se sabendo que muitos estão apenas jogando para o time, já sabendo que ficarão fora da etapa final.