O deputado Marcos Rogério (DEM), relator do processo do deputado Eduardo Cunha (PMDB), assinalou em seu relatório que tem provas robustas contra o presidente da Câmara – afastado por ordem do Supremo -, capazes de levar à sua cassação. No texto, lido em meio a lágrimas de emoção, o parlamentar enfatizou que o réu fez “escancarada tentativa” de omitir bens. Se referia basicamente aos “trusts” que Cunha, num discurso enviesado, tem insistido em dizer que não estão em seu nome. Rogério os considera instrumentos para tornar viável a prática de fraude.
Embora ainda se mantenha poderoso, sobretudo por ter sido sucedido por um fiel seguidor na presidência da Câmara, Eduardo Cunha vê sua hora chegando, como, aliás, vaticinou o deputado Júlio Delgado (PSB), quando proferiu seu voto pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, apontando diretamente para o parlamentar que presidia a sessão, o político juiz-forano foi direto ao ponto. “Voto pelo afastamento da presidente da República, mas sua hora vai chegar, deputado”. Sem mexer um só músculo, Cunha só ouviu.
O caso se arrasta há exatos seis meses, numa clara demonstração das medidas protelatórias por ele adotadas para retardar uma sentença de mérito. Com forte influência dentro da instância de poder, Cunha faz uso desses instrumentos para adiar o que já está decidido, mas causa desgaste à própria instituição com a insistência em se manter no cargo. A despeito de seu “talento”, sabe que não tem como sustentar a sua permanência. Por isso, é hora de os próprios congressistas acelerarem a decisão, pois a conta do desgaste é coletiva.
Ademais, a presença do parlamentar pelo PMDB do Rio de Janeiro mantém acesa a chama da crise, que não se esgota na instância econômica. Se a sangria continuar, todos perdem, já que as ruas já estão convencidas de que tirá-lo do cargo é uma causa necessária ao país.