Começa 2017
Silenciado o batuque, o país volta à normalidade com uma série de questões abertas, a começar pelas denúncias da Lava Jato, que deverão ser formuladas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na semana que vem, ele deverá apresentar ao Supremo Tribunal Federal os primeiros 30 pedidos de abertura de inquérito contra ministros, senadores e deputados, com base nas delações de executivos da Odebrecht. De acordo com o jornal “O Globo”, entre os alvos está um ministro do Tribunal de Contas da União. Os procuradores também finalizam pedidos de inquérito contra governadores no Superior Tribunal de Justiça.
A lista com os nomes ainda é uma incógnita, mas os primeiros indícios apontam que, desta vez, não serão os parlamentares do baixo clero os primeiros na mira de Janot. Trata-se de uma relação com nomes do andar de cima da política, muitos deles players do debate nacional que se desenvolve há anos no país. A questão a saber é que tipo de denúncia será formulada e quais os seus efeitos. Em outra frente, avançam as investigações sobre financiamentos da chapa Dilma/Temer nas eleições de 2014. Sem Michel Temer, a linha sucessória passa por dois citados na mesma operação: o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente do Senado, Eunício de Oliveira. Como ambos substituem, mas não sucedem, há sempre a perspectiva de eleições antes de outubro de 2018. A conferir.
É provável que, mesmo diante de indiciamentos, a estratégia jurídica empurre sentenças de mérito para o ano que vem, mas o dano colateral é preocupante. Da mesma forma que a gestão Dilma, nos últimos meses, foi caótica, ante a possibilidade do impeachment, que acabou ocorrendo, o ciclo de incertezas voltaria se Michel Temer passar pelo mesmo calvário. Faz parte da democracia e da rotina de um país que está se passando a limpo, mas, se acontecer de novo, a economia terá resultados imprevisíveis, justamente agora quando há uma tênue luz no fim do túnel.